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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 25 de julho de 2015

BUTELO, em Comeres Bragançanos e Transmontanos

“No Entroído há uma série de refeições obrigatórias. A principal refeição chama-se fiêsta dos butiêlus.”
[In Rio de Onor – Comunitarismo Agro Pastoril, de Jorge Dias]


Os diversos dicionários consultados conferem ao butelo o significado de chouriço grosso que leva ossos da suã. O Houaiss vai um pouco mais longe: “chouriço grosso cujo recheio leva ossos moídos; bulho.
Etim. Orig. obs., porventura ligada ao latim. Vitellus ‘vitelo’; ver bitelo. HOM butelo/ê/ (s.m.)”
O Dicionário do Falar de Trás-os-Montes é exíguo na informação, leia-se: “BUTELO (É), s.m. O m. q. bucho (1), palaio ou piriquito (Vinhais) 1. Barriga (Deilão-Bragança – APP). Ao laconismo dos dicionários, e das enciclopédias, responde o probo e profuso investigador que foi Jorge Dias, dizendo-nos o seguinte: “Os butiêlus é um prato estranho, feito do estômago de porco recheado de ossos de porco com carne, custiêlo, espinhaço e couratcha (couro da barriga adobado com vinho, água e sal e curado ao fumeiro). É prato obrigatório e, na refeição dos butiêlos não se costuma comer mais nada”. Entenda-se como prato obrigatório de Entrudo.
O rigoroso antropólogo e etnógrafo ao enunciar a receita não esquece o adobar dos elementos, técnica que as mulheres e homens da região bragançana sabiam (e sabem?) executar na perfeição, embora os ingredientes mudem conforme as circunstâncias no intuito de os produtos maturarem convenientemente.
O adobo para os butelos não é igual aos exigido pelos peixes ou caça, não se podendo esquecer o facto de as composições também variarem conforme a aculturação culinária e gosto dos preparadores. O adobo, sorça ou surça, é sem tirar nem por a conhecida receita portuguesa denominada vinha-d’alhos, que a partir dos inícios do século XX, passou a englobar o termo: marinada.
As receitas podem ter a mesma designação, origem e modo de fazer, no entanto, diferem, às vezes até na mesma habitação vêm ao de cima substanciais alterações nos ingredientes englobados, muito por obra de diferentes gerações a viverem debaixo do mesmo tecto. O leque das alteridades aumenta de povoação para povoação, evidenciando a exactidão da máxima: cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso. As receitas carreadas para esta obra o demonstram.

in: Comeres Bragançanos e Transmontanos
Publicação da CMB

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