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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

A menina encantada

Local: Vilas Boas, VILA FLOR, BRAGANÇA

Era na noite de S. João. Nessa altura não tinham relógio na torre, não tinham nada e nunca sabiam as horas. Passou-se com uma tia-avó minha, quando era pequenina, isto em Meireles. O pai viu um luar muito bonito, isto na noite de S. João, e disse: 

— Ai que já é de madrugada! Ó Júlia, põe-te a pé. Anda comigo regar. 
Ele lá foi e levou a garota. Chegou lá e disse: 
— Júlia, vai lá tirar o pau à poça. 
Este poço ficava no ribeiro do Faro, que deita pró Cachão. Antigamente, havia esses poços que tinham um trapo com um pau a pegar na água. Ela chegou lá, tirou o pau ao poço e começou a gritar: 
— Ai, pai! Ai, pai! Ai, pai! 
— Que é que foi? — disse-lhe o pai. 
— Está aqui uma cobra muito grande! Uma cobra muito grande! 
E ele lá foi e não viu nada. E pensou: “Estás com o sono, estás meia atrapalhada com o sono”. A rapariga foi outra vez e tornou: 
— Ó pai! Ó pai, anda cá! 
— Que é que foi? Que é que foi? 
— Olhe que não é uma cobra, é uma menina! É uma menina! 
A cobra apareceu agora em menina para que lhe não tivesse medo, porque ela tinha medo à cobra. Era uma menina toda vestida de branco. O pai foi lá e não viu nada. Então, acabam de regar e disse: 
— Fecha o poço, Júlia. Vá, vamos embora. 
Mas isto ainda alta madrugada. E foram-se embora. Então a menina olha pra trás e dizia: 
— Ó pai, a menina está a chorar! Quer que a leve! 
E o pai pensava: "Estás tonta com o sono”. E tornava ela: 
— Ó pai! Está a chorar lá no alto! Está a chorar lá no alto! 
Chegaram a casa e o pai, quando viu que ainda era de noite e se lembrou que era noite de S. João, voltou atrás mas já não viu mais nada. Então é que percebeu que a menina era um encanto e que podia ter ficado rico.

Fonte:PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais), Vol. 2 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2010 , p.286

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