Hoje sonhei que falei com um senhor importante. Daqueles que mandam.
Daqueles que dispõem das nossas vidas (nós, pobres mexilhões moribundos à deriva, num oceano de interesses, entre tantos tubarões).
Pouco habituado a ser confrontado o senhor importante perdeu por momentos a compostura, endureceu (mas não preencheu) o discurso habitualmente delico-doce e vazio com que logra ludibriar a plebe. É um tipo acessível, julga ele. Tem-se nessa conta. Sendo que acessível é fazer o enorme sacrifício de ouvir os outros, mas não se colocar nunca no lugar deles. Aflito, tentando manter a cabeça à tona da àgua no tal oceano agitado, tenta que a sua "importância" sobreviva. Usou da retórica de sempre, frases cheias de pó de arroz, repletas de purpurinas e outros adereços inúteis e se a cena fosse um plano cinematográfico, estampado no ecran de um televisor, a legenda seria: "O mérito não vale nada. Salve-se quem puder e se não se salvou, ainda que de forma torpe, fez mal". Tenho pena deste senhor.
Ele é grande e eu pequenina e talvez por isso, tenha ainda mais pena dos filhos deste senhor. Por serem levados ao colo aos sítios onde desejarem chegar, nunca saberão o que é a garra, o trabalho árduo, a lealdade e a honestidade. Pesada herança esta de se achar que se é alguém não se sendo nada. Reféns do vazio, creio que saberão no fundo de si mesmos que nunca foram, não são, nem algum dia serão LIVRES. Ah! Mas são importantes, claro!
Obs* Desconheço o autor
Sem comentários:
Enviar um comentário