Autarcas, empresários e sindicalistas afirmaram hoje que o estudo que aponta o Túnel do Marão como um projeto estratégico para o país só vem dar força à reivindicação da conclusão desta "obra vital", parada desde 2011.
"Já há muito tempo que nós dizemos exatamente isso, que o Túnel do Marão é vital para a região de Trás-os-Montes e Alto Douro, para o seu desenvolvimento, mas também para o norte do país", disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos.
O relatório do grupo de trabalho para as infraestruturas aponta o Túnel do Marão, incluído na autoestrada que vai ligar Amarante a Vila Real, como um dos projetos prioritários para o investimento em obras públicas.
O documento, recebido pelo primeiro-ministro na segunda-feira e que entra em debate público na quarta-feira, define um total de 30 projetos prioritários para os próximos seis anos, num investimento global de 5.103,8 milhões de euros.
"Surpreendidos estamos, porque a obra está parada há cerca de dois anos", acrescentou Rui Santos.
O autarca socialista não entende como é que "uma obra desta importância" está parada, mesmo depois de o "Estado ter investido 200 milhões de euros e imediatamente ter podido resgatar" a concessão.
"E com todos os prejuízos que isso significa, quer em termos de emprego e desenvolvimento económico para a região, quer em termos de postos de trabalho, quer ainda na degradação quase criminosa que vamos assistindo a cada dia que passa no atraso da obra", frisou.
O presidente da Associação Empresarial de Vila Real -- Nervir, Luís Tão, lembrou a reivindicação que a região faz há vários anos com vista a uma "aproximação ao resto do país, a uma igualdade de oportunidades e um equilíbrio entre o litoral e o interior."
"É claro que as vias de comunicação são a pedra de toque disto tudo. Ninguém investe no interior se não tiver bons acessos, se não tiver facilidade de acessos", salientou.
Também o presidente do Sindicato da Construção de Portugal, Albano Ribeiro, que tem sido uma das vozes mais ativas na luta pelo recomeço da obra, afirmou não ter dúvidas de que "os túneis do Marão são um projeto estratégico".
"É estratégico para a região aos mais variados níveis, pelo desenvolvimento económico e até para tornar o interior menos interior, evitar as mortes no Marão. Foi um grande crime terem encerrado os túneis do Marão", sublinhou.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou recentemente que espera retomar "durante o primeiro semestre de 2014" as obras no Túnel do Marão.
Rui Santos disse não acreditar nestes prazos e considerou que o "senhor primeiro-ministro se entusiasma quando chega a Trás-os-Montes e diz algumas coisas que não são possíveis de realizar", até porque, segundo o autarca, o seu discurso "não bate certo" com o do presidente da Estradas de Portugal (EP).
António Ramalho, presidente da EP, referiu que é preciso abrir um novo concurso internacional e que este deverá demorar cerca de um ano a adjudicar e a consignar.
"Ora, se o concurso ainda não está lançado como é que é possível ainda no primeiro semestre deste ano as obras serem retomadas. Alguma coisa não bate certo", frisou Rui Santos.
Por sua vez, Albano Ribeiro estranha que António Ramalho diga agora que as verbas para o Túnel do Marão ainda "não estão asseguradas" e que estão a decorrer "negociações em Bruxelas, isto depois de o Governo "ter assegurado" ao sindicato ter "200 milhões de euros já reservados".
A concessão do Túnel do Marão foi transferida para a EP depois de o Estado ter rescindido o contrato com o consórcio, invocando justa causa fundada no incumprimento por parte da concessionária Autoestrada do Marão, que suspendeu a construção em 2011.
PLI (PMC) // JGJ
Lusa/Fim
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