(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Choro as tuas lágrimas Nova Iorque em todas as tardes de chuva e vento... e luta … no grito das mulheres tecelãs que na fábrica morreram num imenso clarão de chamas… e cânticos de liberdade… deixando os filhos sem colo, como pássaros sem asas… silenciados na dor da orfandade…
Mergulho as mãos… nas mãos sem mãos de todas as mulheres… que percorrem as longas avenidas… no desencanto da ternura que se resolve no silêncio e em promessas de abandono! Perco-me contigo na cidade… onde os teus passos são somente pombas brancas.
Morro contigo em cada sobreiro, como Catarina Eufémia… e devolvo-te todo o Alentejo de imensos trigais… onde o pão ainda sabe a sangue, a luto... à tarde da mulher que se fez semente e tombou para nascer a Liberdade!
Madre Teresa de Calcutá… que te fizeste mãe dolorosa de todos os que não tinham mãe e secaste como um lírio… sinto no teu ventre o grito de todas as mulheres em tempo de maternidade… que rasgam o corpo… a alma e a boca em forma de beijo para que a vida seja um arco-íris de esperança e de futuro!
Rainha Santa de Portugal, do teu regaço caem rosas e cibos de pão para os famintos… que dormem nos becos… e mergulham fundo no desencanto da longa noite portuguesa… faz de novo o milagre das rosas… não… o milagre do pão… para os filhos… e para as mães de tantos filhos!
Sinto no coração… o silêncio de todas as mulheres… que fecharam as janelas… correram as cortinas… já não esperam ninguém… e abafam o choro dolorido… e caem no chão… às mãos do amor que terminou… no fundo do último copo de cerveja… do companheiro ausente e assassino… de sonhos e beijos!
Quando vieres mulher… não tragas nada… vem somente tu… com os teus olhos orvalhados de manhãs claras… com o perfume do amor ainda por dizer… no sabor de favos de mel e no ondular dos lençóis com cheiro a alfazema!
Depois esperamos pelo mês de Maio e logo terei, para te oferecer, todas as rosas do mundo… e as cerejas vermelhas em ânsias de maternidade que vão nascer do milagre da flor!
…está a chover!
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
Um texto singelo mas lindíssimo, repleto de sentimento e empatia! Obrigada pela partilha e pela homenagem num dia tão especial como este, Henrique. Abraço amigo.
ResponderEliminarBom dia Paula
ResponderEliminarEu é que agradeço a tua visita a este espaço, o que muito me honra.
Grande abraço.