Abrangendo uma área consideravelmente extensa, Grijó de Parada é uma freguesia localizada a sudeste da capital concelhia, dela distando uma dezena e meia de quilómetros. Providenciando a ligação rodoviária entre aquelas, temos a E.N. 217, complementada por um desvio camarário a partir da povoação de Carocedo.
Agricultura e pecuária serão, uma vez mais, os setentáculos económicos desta paróquia, constituída pelos lugares de Grijó de Parada e Freixedelo. Estes reúnem actualmente cerca de 460 residentes.
Na imensidão da paisagem planáltico envolvente a estes povoados, sobressaem aqui e ali algumas imponentes massas rochosas, as quais recebem curiosas designações derivadas ao termo “pena”, tais como Penamaior e Penigueto.
Algo intrigante é a preciosa notícia arqueológica registada por um autor setecentista, José Cardoso Borges, na sua “Descrição Topográfica da Cidade de Bragança”: “em o lugar de Grijó de Parada, de um monte que chamam a Torre de Modorra, tiraram quantidade de pedras, de que se aproveitaram para a reedificação da igreja do mesmo lugar, e das que se podem ver, são mais de cinquenta com bons frisos e remates”. Pese embora o facto de o termo “Madorra” se achar frequentemente relacionado, na tradição popular, com as características mamoas dos monumentos megalíticos pré históricos, parece-nos que neste caso o topónimo em apreço aludirá porventura a um alto defensivo castrejo.
Num caso ou noutro, porém, aquele informe setecentista indiciará vestígios de recuada presença humana, pré ou proto-histórica, no aro da freguesia. É esta invocada a um orago de certa raridade por estas paragens transmontanas, sabendo-se que o culto a Sta. Maria Madalena remontará já a um período pré-nacional.
Sugestiva é também a origem etimológica do topónimo “Grijó”, supostamente evoluído (como quer Viterbo) a partir de “ecclesia”, termo latino que deu “Igreja”.
Nas “Inquirições” ditas afonsinas, do séc. XIII, surge a grafia “Griyoa”. É natural que a evolução fonética tenha percorrido as formas “Eigrejo” e “Grejó”, onde surgirá evidente o diminutivo “ó”.
A Igreja Matriz guardará ainda testemunhos arquitectónicos de época baixo-medieval e sabor românico, sobretudo ao nível do respectivo pórtico, de tripla arcatura lisa. Os arcos, de volta perfeita e aresta viva, repousarão sobre um par de impostas talhadas em caveto. Alvo de sucessivos aumentos e reformulações, o templo surge rematado, ao alto da empena, por um enorme campanário de tripla ventana. As obras de reconstrução ter-se-ão iniciado em 1732, achando-se concluídas por 1787. No interior, poderá apreciar-se detidamente o altar-mor, de rica talha barroca. Este é complementado por um interessante tecto de madeira em caixotões, ostentando pinturas de apóstolos e santos.
Em Freixedelo fica um outro templo de razoáveis proporções e singela traça, presentemente
rebocado e caiado. Existem ainda, no termo da freguesia, as Capelas de S. Roque e S. Sebastião, bem assim como um maior recente Nicho de N. Sra. de Fátima.
Tradições
Esta freguesia possui diversas tradições, que ainda hoje se realizam, especialmente no domínio de rituais associados a festividades: Reis, Caretos.
Quanto aos trajes característicos destacam-se os que são usados pelos caretos. Estas figuras apresentam-se com fatos garridos e franjados, feitos de velhas colchas de lã e cobertos de chocalhos.
A careta é uma máscara para o rosto, feita da folha de zinco, madeira ou cortiça, e pintada de preto e vermelho. Quase sempre tem outras decorações, como uma língua de fora grande e preta, sobre um fundo vermelho e pequenos cornos pintados.
Quanto aos jogos típicos, ainda hoje se praticam durante todo o ano, tais como: o jogo do Fito, da Relha, da Pedra e do Ferro.
in:cm-braganca.pt
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