A arte chocalheira em Portugal, ofício tradicional em risco de desaparecer, foi candidatada à Lista do Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), tendo sido aceite por esta entidade, revelaram os promotores.
O processo, tal como exige a UNESCO, foi entregue por Portugal antes do final de Março, em Paris e, «agora, chegou a confirmação de que foi aceite», disse o coordenador da candidatura, Paulo Lima.
«A UNESCO confirmou-nos que a candidatura cumpre os requisitos para ser analisada. Lá para Setembro ou Outubro, se for necessário, vão começar a pedir-nos informações adicionais e, depois, em Fevereiro de 2015, se tudo estiver em ordem, segue para a comissão de especialistas», explicou.
Esta comissão, continuou Paulo Lima, mais para «o final de 2015», é que vai «avaliar e decidir se a arte chocalheira candidatada por Portugal, a par de dezenas de candidaturas de outros países, é ou não classificada».
O coordenador do trabalho mostrou-se optimista quanto à possibilidade de a UNESCO poder vir a aprovar a integração da arte de fabricar chocalhos em Portugal naquela que é «a mais importante lista» da organização.
«A candidatura cumpre profundamente os requisitos para ser aprovada», afirmou, frisando: «É sustentada no conhecimento das técnicas tradicionais, envolve um conjunto de entidades capaz de suportar a sustentabilidade e transmissão desta arte e está em risco de extinção».
O processo é liderado pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e do Ribatejo, em parceria com a Câmara de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas, contando ainda com o apoio de outros municípios portugueses que ainda têm fabricantes de chocalhos, explicou Paulo Lima.
Esta manifestação cultural, segundo a Turismo do Alentejo, é «transversal ao país», mas é na região alentejana que tem «maior expressão», pois, abrange três municípios, concretamente Estremoz, Reguengos de Monsaraz e Viana do Alentejo.
No início, a candidatura centrou-se na freguesia de Alcáçovas, no concelho de Viana do Alentejo, onde esta arte chocalheira tem especial importância e representatividade, acolhendo ainda hoje «à volta de cinco chocalheiros», disse Paulo Lima.
«Já só existem 13 mestres chocalheiros em Portugal», pelo que, depois, foi considerado «mais interessante fazer uma candidatura do país, porque há também chocalheiros em Bragança, Tomar, Cartaxo, Estremoz, Reguengos de Monsaraz e Angra do Heroísmo (Açores)», relatou.
Paralelamente à candidatura à UNESCO, os promotores do projecto estão a desenvolver um plano de salvaguarda com o objectivo de «garantir a sustentabilidade e transmissão de uma arte» que tem «mais de dois mil anos» no Alentejo, acrescentou a Entidade Regional de Turismo.
Café Portugal/Lusa
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