Não tenho sido simpático com os grupos europeus, secundados pelos «podengos portugueses», cujo «braço armado avançado» parece ser a ASAE,que querem destruir, «criminosamente», a nossa pequena economia rural familiar. Lembro-me de há 50 anos os nossos agricultores para escoarem os pequenos excedentes, pegarem em meio rasão de chicharros, um frango ou meia dúzia de ovos para fazerem uns magros escudos, para ajudarem a comprar um retalho de cotim ou de chita, ou um cartucho de mercearia que tanta falta lhes fazia. Com a entrada na União Europeia foram apertando o cerco a esta nossa economia rural para a liquidar sem dó nem piedade. Pagaram, com o «Cavaco» a ajudar ao palio, para não produzirmos os bens de sobrevivência e o caminho foi a miséria e a humilhação internacional.
Quando Paulo Portas estava na oposição levou para o Parlamento estes desmandos, simbolizados no último pacote de amêndoas de Portalegre confitadas, artesanalmente. Com a entrada deste «defensor do mundo rural» o quadro negro ia mudar, pensei eu. Mas, agora no poder, a estes «maus costumes, disse nada» e continuamos a ser tratados por criminosos. A Tia Maria, de 83 anos, (assim circula na net) é criminosa se vende na feira um ou dois queijos que lhe sobejam. Se cozer uma fornada de pão no forno comunitário e um vizinho lhe quiser ficar com um é criminosa. Se fizer um bolo saudável e sem os «venenos» que lhe adicionam nas padarias, é criminosa. Dizem-me, em Mirandela, que se o agricultor levar dois cestos das suas uvas para pisar na sua casa passa a ser criminoso. E se colher uma cesta de azeitona para quartilhar ou fazer alcaparras tem de levar uma guia para chegar a casa, se não é mais um criminoso.
Na Espanha acautelaram a pequena economia rural de subsistência dos desmandos da União Europeia. Por cá os nossos políticos e os mangas-de-alpaca são galgos adestrados na caça e destruição da nossa pequena economia de subsistência e da nossa cultura-sociológica tradicional. Na cidade de Bruxelas, sugerido pelo posto de turismo oficial, bebi vinho doce quente a copo numa barraca de um largo e numa grande avenida, montaram num passeio, exíguas barracas de madeira, onde comi por 15 euros um prato de cogumelos silvestres. Se fosse por cá, vinha a ASAE e fechava o negócio ocasional porque os cogumelos não tinham factura, não havia água canalizada e o vinho a copo não tinha marca registada. Por cá, os políticos preferem destruir a nossa pequena economia rural e importar produtos contaminados com químicos, sejam com fertilizantes, corantes ou conservantes. Por isso, além de pobres ficamos menos imunes às doenças, principalmente às malignas. Quando comprar algum produto agrícola ou artesanal vou considerá-lo uma oferta e eu posso retribuir com dinheiro ou outro produto.
Jorge Lage
in:diario.netbila.net
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