Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

UMA ESTRATÉGIA PARA A VALORIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO VALE DO DOURO

A definição dessa estratégia passa, logicamente:
• pela eliminação ou atenuação de bloqueio flagrantes, detectados nas infra-estruturas de comunicação, procurando activar formas complementares de transporte que permitam ao turismo cultural aceder facilmente à região e ignorar as fronteiras entre os dois países – as acessibilidades ao Vale do Douro e as comunicações e transportes na área são determinantes para o desenvolvimento do turismo cultural da região, a exigir actuações profundas, concertadas e complementares de ambos os países;
• pelo aprofundamento da cooperação transfronteiriça entre os dois países – neste caso, entre o Norte de Portugal e Castela-Leão –, aos mais altos níveis.
A cooperação desenvolvida até ao momento, apesar dos Programas Comunitários Interreg, tem sido reduzida, desgarrada e baseada mais na justaposição/junção das propostas dos agentes dos dois países do que em autênticas políticas sectoriais resultantes de uma reflexão comum, políticas essas que tenham em consideração a diversidade da região e que possam conjugar a dinâmica dos centros urbanos com as potencialidades do meio rural;
• pela criação de redes sectoriais de integração e harmonização, de que a institucionalização de uma rede de museus do Vale do Douro, enquanto importante instrumento do património cultural, pode ser exemplo;
• pela criação de rotas temáticas de turismo cultural – rota dos castelos e fortificações; do românico, gótico, barroco; rota dos vinhos do Douro; etc;
• pelo reforço da imprensa regional, de forma a mobilizá-la para esta problemática;
• pela criação de um centro de documentação virtual de todo o Vale do Douro, um portal na Internet, pelo qual, através dele, se possa aceder a toda a informação pertinente ao turismo cultural – não há qualquer sistema de informação actualizada para o Vale do Douro em qualquer um dos países e muito menos para a região entendida como um todo;
• pela criação de cursos de formação turística especificamente destinados ao Vale do Douro;
• pelo lançamento de publicações trilingues ou bilingues, que dêem a conhecer a riqueza e a diversidade do património do Vale do Douro, nas suas mais variadas facetas;
• pela promoção da região, a nível ibérico, europeu e mundial, acção que exige a intervenção/concertação dos Governos de ambos os países.
CONCLUSÃO
No quadro da União Europeia, o Vale do Douro constitui um espaço periférico afastado dos grandes eixos de desenvolvimento da Europa, dividido entre dois países. A História e a Geografia contribuíram, assim, para que o Vale do Douro se transformasse numa das regiões (sobretudo entre as regiões fronteiriças) mais deprimidas da União Europeia.
Contudo, o património cultural que o Vale do Douro alberga no seu seio faz dele um dos territórios mais autênticos e mais excepcionais da Europa.
Marca, durante alguns séculos, de dois mundos em confronto – o cristão e o muçulmano –, no sentido Norte-Sul, espaço dividido, posteriormente, pelos dois países ibéricos, no sentido Este-Oeste, objecto de um lento mas irreversível afundamento económico, no seu todo, a partir do século XVI, com a litoralização da população peninsular, a verdade é que o imobilismo da região veio a contribuir significativamente para que o seu vasto e riquíssimo património tivesse chegado até aos nossos dias bem preservado, haurindo a sua pujança patrimonial na fraqueza económica e de abandono a que foi votada.
Olhando para a região como um todo supranacional, verificamos que as suas potencialidades de desenvolvimento sustentado têm a ver, sobretudo, com o reconhecimento, valorização e divulgação desse património ímpar no contexto peninsular e mesmo europeu, de forma a promover o seu turismo cultural, que constitui, neste século XXI, uma das suas indústrias mais promissoras.
Essa promoção exige uma política esclarecida de consenso de ambos os países, Portugal e Espanha, não passando qualquer estratégia de desenvolvimento da região por um só dos dois Estados, de uma simples habilidade votada ao fracasso e ao arrepio da construção europeia, que a todos diz respeito.
O desenvolvimento do Vale do Douro, baseado no seu património e no turismo cultural, exige, pois, uma verdadeira política de cooperação bilateral, uma vontade política autêntica de Portugal e de Espanha, que não se esgote nos programas comunitários de cooperação transfronteiriça existentes – como se tratasse apenas de dar cumprimento formal a exigências de natureza exógena –,mas que entenda esses programas, tão só, como uma das linhas de intervenção que importa levar a cabo, para que o extenso Vale do Douro venha a ter a oportunidade que lhe compete.

Título
O Património histórico-cultural da Região de Bragança / Zamora
Coordenação
Luís Alexandre Rodrigues
Co-edição

CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade / Edições Afrontamento

Sem comentários:

Enviar um comentário