sexta-feira, 25 de julho de 2014

Violência doméstica aumenta entre casais desempregados de Mirandela

O presidente da Câmara de Mirandela alertou hoje para o aumento da violência doméstica entre casais desempregados, um problema que passou a ser considerado como projeto prioritário pela rede social do concelho transmontano.

António Branco falava, em Bragança, nas comemorações dos 138 anos do Comando Distrital da PSP, que tem sob a sua influência as cidades de Bragança e Mirandela, e exortou as autoridades regionais a articularem-se para dar resposta a esta nova realidade.

O autarca indicou que estes fenómenos da violência doméstica em regra associados a problemas como o alcoolismo, estão a surgir "associados às questões sociais que hoje em dia se vão degradando", concretamente o desemprego do casal.

"O desemprego do casal potencia muitas das vezes este tipo de situações, potencia situações de pressão, um conjunto de situações que têm de ser prevenidas", explicou.

Tanto no conselho municipal de segurança como nos conselhos municipais de ação social têm, segundo ainda o autarca, surgidos estes casos de violência doméstica, concretamente, situações que não estão registadas do ponto de vista de segurança que contabiliza apenas situações de queixa ou em que há intervenção das autoridades policiais.

António Branco ressalvou que a PSP de Mirandela "já faz algum trabalho, mas trabalha na frente do problema, faz a sinalização dos casos que apenas são comunicados, tem um quarto de emergência para situações em que é necessário deslocar algum membro da família, mas depois a seguir há todo um trabalho social de acompanhamento".

A nível municipal, o Plano de Emergência Social (PES), criado há dois anos para atenuar os efeitos da crise, passou a contemplar também estes casos de violência doméstica, nomeadamente com a adoção de medidas preventivas, em que é dada "maior atenção aos casais desempregados e sobretudo os que tenham filhos".

O autarca defendeu que é preciso combater a inação nestes casos "seja pelos programas ocupacionais, seja pelo apoio económico efetivo à estrutura dessas famílias".

António Branco realçou ainda que o problema "já não é só nos casais com menos habilitações e ligados a atividades menos qualificadas, mas já se encontra também áreas qualificadas.

"É preciso ter uma nova atenção a esta realidade", reiterou.

As dificuldades que as famílias enfrentam em pagar renda da casa, água, luz e outros consumos, estão expressas nos apoios do PES que nos primeiros seis meses de 2014 "consumiu a verba equivalente a todo o anos de 2013", cerca de 30 mil euros.

Este programa, segundo explicou o autarca é complementar a outros apoios como as três cantinas sociais de Mirandela que estão esgotadas e onde a procura triplicou nos últimos anos.

Nos dados oficiais, a PSP não registou um aumento dos casos típicos de violência doméstica, com 47 denúncias no primeiro semestre de 2014, porém o comandante distrital Amândio Correia admitiu a existência de situações que se incluem nos crimes contra as pessoas e que passam "mais pela educação, pelo respeito e não tanto pela violência em concreto" como agressões no seio da família.

"A crise, a dificuldade de atingir objetivos para sobreviver no dia-a-dia, chegar ao fim do mês, se calhar tudo isso, tornamo-nos menos tolerantes, reagimos mais rapidamente, se calhar somos mais agressivos também. É uma preocupação, sim" afirmou.

HFI // JGJ
Lusa/fim

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