O porco morreu… sem mais nem menos… dum dia para outro… tal qual como um cristão! Diziam os vizinhos.
- Coisa que comeu!... Se lhe temos dado uma injecção!
- Talvez fosse melhor deitá-lo para a rua a apanhar o ar do serro!
Morreu como um cristão… sem um gemido, sem olhar pela última vez para a loja onde vivia e engordava na fartura das abóboras e da erva fresca da Luada!
Vieram todos os vizinhos lamentar a desgraça e o prejuízo… e só não se rezou por decoro!
- Coisas do diabo… quem nos quererá fazer mal?!
Os abutres às centenas sobrevoaram a aldeia em voos silenciosos e altaneiros…voos magníficos mas que assombraram o povoado!
- As vizinhas mais velhas benzeram-se e encomendaram-se a São Sebastião!
O porco morreu e doí-me na alma a morte e mais a tristeza colectiva… solidária… comunitária dos meus vizinhos!
Os abutres ficarão por muito tempo a assombrar a aldeia, num voo silencioso e de mau prenúncio… rente às casas!
São Sebastião nos acuda!
Fernando Calado
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