O Partido Ecologistas "Os Verdes" (PEV) anunciou hoje que reiterou junto do Governo o pedido de suspensão da barragem do Tua, no dia em que passam sete anos do último acidente na linha desativada para construção do empreendimento.
O partido assinalou a data com um requerimento apresentado na Assembleia da República a solicitar ao Ministério do Ambiente o relatório da inspeção ordenada às obras da barragem por alegados incumprimentos das obrigações da EDP, o que para "Os Verdes" "dá uma larga vantagem ao Governo para parar definitivamente esta barragem"
A barragem do Tua começou a ser construída, em Trás-os-Montes, em fevereiro de 2011 e ditou a desativação da linha ferroviária do Tua, onde a circulação estava já suspensa desde 22 de agosto de 2007, data do último de uma sucessão de acidentes que fizeram quatro mortos.
"Os Verdes" lembram, em comunicado, que "continuam por apurar as responsabilidades por estas tragédias" e que às mortes nos acidentes de comboio somam-se agora mais quatro vítimas mortais, "operários mortos nas obras da barragem de Foz Tua".
O partido sublinha que estes acontecimentos deixam "uma marca indelével de luto sobre o Vale do Tua, até então, símbolo da vida luxuriante, pela biodiversidade que o caracteriza e pela vida que a linha ferroviária proporcionou a esta região do país, de tão difícil acesso".
A construção da barragem tem estado envolta em polémica com queixas junto da Unesco que acabou por aceitar, com condicionantes, a compatibilidade da obra com a classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade.
Os contestatários da hidroelétrica, nomeadamente associações ambientalistas, não se conformaram e constituíram a Plataforma "Salvar o Tua" que avançou com novas queixas, a última das quais levou o Ministério do Ambiente a ordenar, a 28 de julho, uma inspeção para averiguar sobre o cumprimento das obrigações resultantes da Declaração de Impacte Ambiental (DIA).
No requerimento apresentado pela deputada Heloísa Apolónia, na Assembleia da República, "Os Verdes" lembram que os resultados desta inspeção deviam ser apresentados ao Governo "no prazo máximo de 30 dias" e solicita ao Ministério do Ambiente que remeta ao grupo parlamentar o respetivo documento ou resultado da inspeção.
O PEV insiste ainda que ao longo do tempo "apontou incumprimentos em concreto, não só da DIA, como ainda do Recape (relatório de conformidade do projeto com a obra) e dos próprios caderno de encargos e programa de concurso da barragem, nomeadamente no que diz respeito à mobilidade e às linhas de alta tensão, bem como aos impactos sobre o Alto Douro Vinhateiro (ADV)".
O partido lamenta que o ministro do Ambiente "tenha deixado passar tanto tempo, depois destes alertas para ordenar esta inspeção, tendo assim deixado perpetuar estes incumprimentos, enquanto as obras da barragem iam decorrendo e os respetivos impactes negativos na Foz e no Vale do Tua e no ADV- Património da Humanidade se iam agravando".
"Não podemos deixar, agora, de aguardar com expectativa o resultado da respetiva inspeção", remata.
HFI // JGJ
Lusa/fim
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