O presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, José Luís Correia, considerou hoje uma "patetice" a escolha do corredor da linha de alta tensão para transporte de energia da barragem de Foz Tua, em Trás-os-Montes.
"Não sei se a definição do corredor é uma punição por encomenda de alguns interesses, não sei se é um corredor que foi definido por quem não conhece a realidade local e regional porque é a maior patetice que pode haver", afirmou à Lusa.
Entre quatro soluções propostas pela EDP, o corredor de 40 quilómetros pela zona da Valeira foi o que recebeu parecer favorável condicionado e já mereceu também a contestação da Plataforma Salvar o Tua que intentou uma Ação Administrativa Especial contra a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) por esta decisão.
Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, é um dos concelhos por onde vai passar o equipamento e o autarca local não entende o argumento de que se pretende salvaguardar o Douro Património Mundial.
"É área classificada igual com uma agravante: o corredor é muito mais extenso, fica muito mais caro ao país e passa por zonas especiais de proteção quando não o deveria", contra-argumenta.
Para o concelho de Carrazeda "é inaceitável, é inacreditável como é que há pessoas que têm a desfaçatez de atravessar o concelho numa área tão sensível como o vale vinhateiro de Ribalonga, como a zona especial de Linhares, Campelos, Carrapatosa, áreas muito sensíveis, muito expostas".
O autarca social-democrata questiona-se "a quem é que incomodava a linha ao atravessar o Douro no Tua porque devem ser pessoas com muito peso".
"O Douro é tão classificado junto ao Tua como é junto à barragem da Valeira. Parece que têm prazer em gastar dinheiro ao país e em criar impactos negativos numa área muito mais vasta", insistiu.
José Luís Correia explicou que tem andado a informar-se sobre o que poderá fazer para evitar esta solução, mas concluiu que "a Câmara Municipal não poderá fazer muito".
"Para apresentar uma providencia cautelar são os proponentes que assumem os encargos e as responsabilidades e quem é que quer assumir isso?", questionou.
A EDP garante que a solução escolhida não foi ditada pela empresa, que se limita apenas a cumprir "todas as recomendações da DIA", como afirmou à Lusa Freitas da Costa, diretor geral de projeto, durante uma visita à barragem.
"Para a EDP até nem é a solução mais económica - é a mais extensa - é a solução que do ponto de vista técnico-económico, paisagístico, de todos os interesses que estão em jogo neste projeto, é a que reuniu o melhor consenso e é esse projeto que nós vamos executar", declarou.
De acordo com o diretor, a elétrica está agora a elaborar o projeto de execução da linha e vai entrega-lo possivelmente "ainda este mês de fevereiro" à APA para aprovação e posterior execução.
"Não são soluções ilegais. Nós estamos 100 por cento dentro da legalidade, nós estamos a cumprir todas as recomendações da DIA", afiançou.
A barragem de Foz Tua encontra-se em fase de conclusão, em Trás-os-Montes, com a EDP a prever iniciar o enchimento da albufeira nos primeiros meses do próximo ano.
Lusa
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