Mais de mil diabos andaram à solta este sábado em Vinhais. O dia da morte, tradicionalmente assinalado na quarta-feira de cinzas, marcando o início da quaresma, foi recriado com o maior desfile de diabos.
Os mil fatos cedidos pela autarquia vinhaense esgotaram. Quem quer ser diabo veste-lhe a pele, foi o que fizeram mais de mil pessoas no final da tarde de sábado em Vinhais. O maior desfile de diabos invadiu as ruas da vila. Por entre a escuridão, velas ou tochas permitem vislumbrar o vermelho dos trajes criando um ambiente assustador e impressionante.
A acompanhar o desfile vai também a morte. A figura com sete metros de altura acaba queimada no final do cortejo. Nesta recriação do costume imemorial repetido todas as quartas feiras de cinzas em Vinhais, não faltaram as subidas a varandas e janelas para capturar as raparigas solteiras. Elas que não descem sem dar luta, gritando insultos e “fora com a morte, fora com o diabo”. E os argumentos não são só verbais.
As raparigas atiram baldes de água e cinzas para tentar travar a subida dos diabos. Mas os esforços não chegam para impedir que sejam enjauladas num carro de bois. João Flores já se vestiu de diabo durante muitos anos, e não quis faltar ao desfile “é uma tradição que se usa muito antiga, hoje o dia dos Mil Diabos está a ser uma festa”.
Para Cristina Alves é a primeira vez “normalmente são só os homens que se vestem. Mas é muito bom, acho que não se devem perder as tradições e esta é mais uma que temos”. Os mil fatos de flanela vermelha típicos desta festa disponibilizados pela autarquia da vila de Vinhais foram poucos para todos os que quiseram vestir a pele de diabos.
O vereador da cultura, Roberto Afonso, explica que alguns arranjaram outras soluções para participar no desfile: “Estão mais de mil pessoas vestidas e diabos em Vinhais, mais de mil fatos foram disponibilizados pela câmara, mas as pessoas mandaram fazer elas próprias, compraram fatos.
Temos seguramente 1200 a 1300 pessoas, para além deste público todo que não se atreveu a vestir a pele do diabo”. O cortejo só terminou com o castigo aplicado às raparigas, a queima da morte e fogo-de-artifício. Mas a festa essa continuou com música tradicional e pela noite dentro a animação esteve a cargo de DJ’s. Este cortejo, que se realizou pelo segundo ano, encerra o ciclo das Festas de Inverno no Nordeste Transmontano.
Pode ouvir a reportagem alaRgada sobre esta festa depois do noticiário das 5 da tarde e ler na edição desta semana do Jornal Nordeste.
Escrito por Brigantia
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