A Câmara de Miranda do Douro assinala no sábado o Dia Internacional da Língua Materna com a publicação, nas redes socais, de textos de autores em língua mirandesa, disse hoje à Lusa fonte da autarquia.
"Reconhecendo que a Língua Mirandesa é o mais alto valor cultural da Terra de Miranda e língua materna da maior parte dos mirandeses, o município de Miranda do Douro assinala a data, publicando nas redes sociais excertos de alguns dos textos mais reconhecidos de autores mirandeses ", explicou Alfredo Cameirão, responsável pelo gabinete municipal de divulgação do mirandês.
O primeiro texto escrito em língua mirandesa é datado de 1884 sendo da autoria do filólogo José Leite de Vasconcelos.
Segundo o também investigador, a cada ano que passa, o número de línguas faladas no mundo reduz-se significativamente, consequência da redução dos seus falantes ou mesmo do desaparecimento de populações inteiras, pelas guerras ou falta de condições para sobreviver.
"Além disso, impor uma língua única e exclusiva, conjugado com a pressão cultural dos meios de comunicação globalizados, são também fatores que ajudam a extinguir as línguas regionais" defendeu.
O Dia Internacional da Língua Materna foi criado em 1999, na Conferência Geral da Unesco, para promover a variedade cultural e linguística.
Estima-se que atualmente haja oito mil falantes de língua mirandês repartidos pelo território nacional e pela diáspora
O mirandês tornou-se na segunda língua oficial em Portugal, após a aprovação na Assembleia da Republica da Lei 7/ 99 de 29 de janeiro.
Em 2008, foi estabelecida uma convenção ortográfica, patrocinada pela Câmara de Miranda do Douro e levada a cabo por um grupo de linguistas, com vista estabelecer regras claras para escrever, ler e ensinar o mirandês, bem para como estabelecer uma escrita o mais unitária possível e consagrar o mirandês como a segunda língua oficial em Portugal.
O ensino do mirandês, como opção, nas escolas do concelho de Miranda do Douro, é ministrado desde o ano letivo 1986/87, por autorização do Ministério da Educação.
Por outro lado, a Associação de Língua e Cultura Mirandesa reclama que Estado português assine da Carta Europeia das Línguas Minoritárias, já que se trata "dos poucos países" do continente que ainda não o fez.
A Carta Europeia das Línguas Minoritárias é um tratado adotado em 1992 pelo Conselho Europeu para promover e proteger as línguas regionais e minoritárias históricas.
FYP // MSP
Lusa/fim
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