terça-feira, 3 de março de 2015

Buono Camino Amadeu!

A última vez que falamos foi pelo telefone. Ligaste-te, meu amigo, para falar da amizade, do Seminário tão longe e para me dizeres que tinhas estado com a minha filha médica no Hospital de São José, em Lisboa. 
- Fiquei tão contente em encontrar a tua filha, Fernando! E ouvi do outro lado aquela tua gargalhada sonora, límpida, cheia de ternura e alegria que para sempre se ouvirá nas arribas do Douro e no aconchego dos niebros. 
Depois disseste que andavas em luta contra a doença… de novo te ouvi sorrir e dizer que não desistias!
Meu amigo, meu irmão poeta que tantos versos trocamos e a perfeição morava serenamente à beira da beleza. Fizemos teatro, inventamos rimas e a amizade era tanta como a emoção que durante uma vida inteira partilhamos.
Telefonaste , meu irmão Amadeu Ferreira e acho que já não tínhamos palavras, ficaram todas perdidas no aperto da saudade. Adivinhei que era um telefonema de despedida… disseste-me que andavas a telefonar aos amigos mais próximos…. 
Marcamos ainda um encontro em Sendim. Mas senti, tão claramente, meu Amadeu que te estavas a despedir… a tua voz já era rio a correr para o mar… Um abraço arrochado! …ainda disseste! Até breve dissemos!
Hoje encontro-te meu amigos nos teus livros, no ancanto de las Arribas de l Douro que nos deixas, no teu mirandês, que também é nosso, na língua do “trabalho, do campo, do lar e do amor”!
… agora estás tão perto, meu querido irmão e o teu sorriso devolve-nos a paz e a certeza que o infinito existe! Tu estás por aí e quando sentirmos um cachico de saudades fechamos os olhos e vamos ao teu encontro e à sombra dos niebros tu estarás lá… em Sendim… junto ao céu!
… até breve meu amigo Amadeu! E um abraço arrochado!

Fernando Calado

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