O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Vieira Lopes, manifestou hoje, em Bragança, o receio de que a formação profissional passe para a alçada do Ministério da Educação e sirva apenas para cobrir custos."Nós temos receio que uma parte significativa da formação vá cair na alçada do Ministério da Educação, que não tem experiencia na relação com as empresas, e que apenas servirá para cobrir parte dos seus custos", afirmou Vieira Lopes, à margem da assinatura de um protocolo de parceria entre a CCP, a associação comercial local e o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) para um curso de contabilidade destinado a 25 desempregados no âmbito da medida Ativa.
Embora ressalvando que o fundamental para a criação de emprego é a recuperação da atividade económica, o dirigente considerou este tipo de medidas "extremamente importante para a competitividade porque uma empresa é mais produtiva se tiver gente qualificada".
O presidente da CCP está, no entanto, preocupado com o processo de desenvolvimento deste tipo de ações no novo quadro comunitário de apoio porque, segundo disse, "o diálogo com o Governo tem sido bastante difícil" e ainda não há "abertura para que as associações empresariais desempenhem um papel importante na dinamização destes projetos".
A principal preocupação manifestada é sobre o papel que o Ministério da Educação irá assumir nesta área da formação e aquele que caberá ao movimento associativo e representantes do setor empresarial
"O diálogo com o Governo tem sido bastante mais difícil, nomeadamente na compreensão do papel do movimento associativo como elemento de ligação às empresas em termos de formação", concretizou.
A confederação teme que "na divisão das verbas e na criação de estruturas para gerirem toda a atividade de formação" não haja por parte do Governo para o novo quadro comunitário de apoio "a mesma abertura" que houve no que agora termina.
A CCP é uma das parceiras do protocolo celebrado hoje em Bragança, que vai permitir a 25 desempregados receberem 200 horas de formação na área da Contabilidade, com uma parte prática em empresas da região.
Este é o segundo curso do género conduzido pela Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança (ACISB), sendo que o anterior na área de bar e mesa está agora a terminar e, segundo o presidente Victor Carvalho, mais de metade dos 19 formandos que chegaram até ao fim "irão ficar empregados".
Esta formação no âmbito da medida Ativa destina-se a desempregados e é articulada com as necessidades do tecido empresarial local, como explicou o presidente do IEFP, Jorge Gaspar.
Segundo este responsável, em todo o país foi celebrado "um conjunto imenso de acordos" deste tipo com vários parceiros, mas ainda não há dados sobre as primeiras ações, por algumas ainda estarem agora a terminar.
O presidente do IEFP indicou que existem apenas dados de algumas regiões onde estas ações já terminaram, como o Minho, com "empregabilidade direta de 20 a 30 por cento".
Ressalvou, no entanto, que o IEFP mede a empregabilidade destas ações num prazo de seis a nove meses pôs conclusão da formação.
Agência Lusa
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