O Município de Torre de Moncorvo quer apostar no turismo através da valorização dos vestígios judaicos do concelho. Este fim-de-semana decorreu o encontro “Judeus em Portugal” que reuniu dezenas de investigadores nesta área. Um dos pontos altos do encontro foi o descerramento da placa do futuro Centro de Estudos Judaicos.
O presidente do Município, Nuno Gonçalves, frisa a importância de associar a valorização do passado da vila à atracção de turistas, que se interessem em saber mais sobre este tema. “O turismo judaico está ser agora um turismo expansionista.
Temos aqui duas vertentes: a vertente cultural, de regressar à ancestralidade e às raízes de Torre de Moncorvo, que teve esse papel decisivo, sendo uma sede de rabinato e a vertente de pensar o que será Moncorvo daqui a 20 anos.
Moncorvo tem de ser um pólo de Turismo. Se há uma aposta forte que está a ser feita na cultura, com a criação de museus, o estudo da arte barroca, da Casa da Roda, dos trajes eclesiásticos… teríamos também de ter a parte da judiaria”, salienta o autarca.
O Centro de Estudos Judaicos com o nome Maria da Assunção Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues, homenageia assim dois investigadores da história do concelho. O edifício onde vai ser instalado é uma antiga sinagoga. Uma casa particular que foi agora adquirida por um valor simbólico, como explica Nuno Gonçalves.”Temos um documento a dizer que ali funcionou uma sinagoga.
A Câmara comprou o imóvel por um valor simpático, uma vez que a proprietária vendeu o imóvel ao preço que o pai o tinha adquirido há dezenas de anos, o que vai permitir fazer ali algo para as pessoas do concelho e do mundo”, frisa Nuno Gonçalves.
O investigador na área judiaria, António Júlio Andrade, defende a criação de uma Rota dos Judeus em Trás-os-Montes.
Para isso, em 1999, começou a desenvolver um trabalho de investigação, que se centrou em Carção, no concelho de Vimioso. Agora, esteve envolvido na criação da Rota dos Judeus em Torre de Moncorvo. António Júlio Andrade espera que este seja mais um passo para a criação de uma rota transmontana, de forma a valorizar as raízes da região e impulsionar o turismo. “Em todas as terras transmontanas, com alguma relevância, existe muita história judaica para contar. Nós temos que ir à procura das nossas raízes. Os estudos genéticos, de ADN, mostram que Trás-os-Montes é a região do país onde os marcadores judaicos são mais significativos. Acho que se deviam fazer acções destas mas, muito mais em grande.
Os dois concelhos que realmente dinamizaram o turismo, nos últimos anos, foram Castelo de Vide e Belmonte, porque, desde 1987 que se lançaram nestas iniciativas e, em Trás-os-Montes não fizemos absolutamente nada” , considera o investigador. Durante o encontro foi feita a primeira visita à Rota dos Judeus, que começa na igreja da Misericórdia da vila e termina na Casa da Inquisição.
O presidente do Município, Nuno Gonçalves, sublinha que, além do cariz cultural, a rota está também associada à vertente gastronómica, destacando amêndoa coberta de Torre de Moncorvo e o canelão.
Escrito por Brigantia
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