Isabel Mateus apresenta hoje, ao final da tarde, em Miranda do Douro, “Sultão, o burreco que veio de Miranda”, a segunda novela em que a escritora portuguesa radicada no Reino Unido regressa às suas profundas raízes da ruralidade.
O livro é apresentado às 18:30 no âmbito do “L Burro I L Gueiteiro”, um festival itinerante de cultura tradicional que decorre até domingo, no concelho de Miranda do Douro, organizado pela Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA) que o descreve como uma novela que “não é só uma estória”.
“Pouco tem de inverosímil e as peripécias que relata não dizem respeito apenas ao Sultão. Antes, cabem na vida do protagonista as histórias dos muitos burros que povoam e povoaram Trás-Os-Montes nas últimas décadas. Burros de Miranda ou não”, assinala a AEPGA na mensagem publicada na contracapa da obra.
Olhando ao “ainda longo” caminho para a dignificação, a AEPGA ressalva que “felizmente, há obras como esta que, elevando o burro, o seu mundo e a sua história às artes literárias, nos fazem crer que são cada vez mais aqueles que querem contribuir para o encurtar”.
Embora publicado em março, Isabel Mateus planeou o lançamento formal para o festival devido à parceria com a AEPGA.
“Eu já tinha vindo a acompanhar o trabalho desta associação há algum tempo, depois seguiu-se a visita ao Centro de Valorização do Burro de Miranda em Atenor e a vontade de ambas as partes para que este livro viesse a lume. E, ainda durante a fase de escrita, houve aconselhamento, cedência de trabalhos e artigos científicos pela AEPGA acerca desta raça autóctone”, explicou a autora à agência Lusa.
“O Sultão é uma novela que vai ao encontro daquilo que eu pretendo através dos livros que escrevo. Isto é, remete o leitor para o passado apenas com o intuito de lhe mostrar o contributo que este companheiro deu ao longo dos tempos (…), mas pretende sobretudo mostrar que este animal em vias de extinção tem agora um papel revitalizador na ruralidade como um agente cultural”, realçou.
Para Isabel Mateus, “a literatura da ruralidade não está morta. Tal como o burro de Miranda também está de boa saúde, graças a projetos como o da AEPGA”.
“É muito importante que o nosso modo de vida e as nossas gentes tenham um lugar na nossa literatura. Este poderá ser o meu contributo, pois sinto que estou a transportar as minhas próprias origens mais além, a um público mais amplo e, sobretudo, aquele que está espalhado pelo mundo e que também se revê naquilo que escrevo na procura das raízes e de uma certa identidade”, assinalou.
Natural de Quintas do Corisco, em Torre de Moncorvo, Isabel Mateus conta com vasta obra, conhecida em particular por versar temáticas que incidem sobre a ruralidade e a diáspora portuguesas.
“Sultão, o burreco que veio de Miranda”, com 144 páginas, capa e ilustrações de autoria de Cristina Borges Rocha, tem chancela da Gráfica Ediliber.
A produção literária de Isabel Mateus inclui "Farrusco - Um cão de gado transmontano" (2013), "A Terra da Rainha - Retratos Portugueses no Reino Unido" (2013), "Contos do Portugal Rural" (2012), "A Terra do Chiculate" (2011), “O Trigo dos Pardais” (2009), "Outros Contos da Montanha" (2009) e "A Viagem de Miguel Torga (2007).
Em 2014, “Contos do Portugal Rural”, segundo volume da coleção bilingue “Portuguese Insights” foi vertido para chinês. O mesmo sucedeu, já este ano, com a publicação de um livro com 14 contos d’“O Trigo dos Pardais”, obra do Plano Nacional de Leitura.
Ambos foram traduzidos no âmbito de uma parceria por estudantes do Curso de Mestrado de Chinês/Português do Departamento de Português da Universidade de Macau.
Agência Lusa
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