Bragança // Radioamadores querem chamar a atenção para as antenas da serra

Radioamadores de todo o país vão juntar-se, no próximo fim de semana, na serra da Nogueira, em Bragança, para reviver o tempo das transmissões através das duas grandes parábolas ali instaladas há meio século.

Adelino Francisco, de Viseu, diretor da revista Rádio QSP, explica que o objetivo é comunicar com França, tal como acontecia nas décadas de 60 e 70 do século passado.
“Ao que sabemos, serão as únicas peças, que restam na Europa, dos feixes hertzianos que a NATO utilizava para ligar os seus países membros. Nos anos 60 e até cerca de 1980, potentes emissores (10KW) emitiam o sinal para nascente, caindo sobre os Pirinéus, ligando Portugal à França, que construiu equipamento idêntico em Artzamendi.  O funcionamento baseava-se no efeito da dispersão troposférica, vencendo os cerca de 500km, permitindo 120 canais telefónicos na banda dos 30 centímetros”, explicou ao Mensageiro.
O desmantelamento das antenas já chegou a ser pensado mas, até ao momento, não avançou.  “Os pilotos da Força Aérea utilizam-nas como referência, pois dizem que estão sempre a ver as orelhas do rato Mickey”, revelou Adelino Francisco.
“O que resta deste monumento da arqueologia eletrónica deve ser salvo”, clama. Por isso, para dar a conhecer à sociedade em geral a alta tecnologia da época e sensibilizar as entidades para o dever de preservar um testemunho único de uma fase do desenvolvimento das radiocomunicações, um grupo de radioamadores vai ativar estas parábolas no próximo fim de semana. São esperados cerca de duas dezenas, que vêm de todo o país. “Há inscrições de Lisboa e Sines”, revela o mesmo responsável.

in:mdb.pt