Está em estudo a possibilidade de revitalizar a cultura de lúpulo na região transmontana.
Atualmente, só existem dois produtores, um no concelho de Macedo de Cavaleiros e outro no concelho de Bragança. Manuel Cardoso, diretor regional da Agricultura e Pescas do Norte, garante que tudo vai depender do poder estratégico de investir de novo no lúpulo.
Há menos de um mês, 2 hectares de lúpulo ficaram totalmente destruídos em Pinela, após a passagem de um mini tornado, causando prejuízos que podem ascender aos 50 mil euros. Como ouvimos dizer Manuel Cardoso, a DRAPN está a acompanhar o caso, e acrescenta ainda que o Ministério da Agricultura já tem apoios pensados para este tipo de perdas.
“O Ministério da Agricultura já apoia. Vamos supor que, neste momento, o agricultor quisesse repor a sua instalação. Ele pode, perfeitamente, submeter-se a um projeto no âmbito do PDR 2020 para esse efeito. Nós estamos em estudos, devido a esse acontecimento. Este ano houveram, por coincidência, umas jornadas sobre o lúpulo promovidas pela IPB, o que quase parece que foi de propósito.
Estamos a tentar estudar como fazer a recuperação da cultura do lúpulo, como torná-la mais interessante para que hajam mais projetos. São duas linhas completamente diferentes, o acompanhamento desse caso é um assunto e outra coisa é estarmos a pensar fazer com que, em relação ao lúpulo, haja um incentivo para haverem mais projetos. Mas isso depende muito dos preços de mercado do lúpulo que, neste momento, não são internacionalmente vantajosos e, portanto, estamos a estudar até quando será estratégico ou não avançar nessa linha.”
Humberto Sá Morais é o produtor de lúpulo do concelho de Macedo, na aldeia de Vinhas. O agricultor, que vende anualmente as cerca de 12 toneladas que colhe para a UNICER, gostava que houvesse, de facto, mais investimento para aumentar as produções, mas, para isso, era necessário captar compradores.
“Para aumentar a produção é preciso terrenos que a possam sustentar. Depois, é preciso ter o resto das componentes para fazer o lúpulo, são eles as máquinas de colheita e os secadores. Portanto, isso é fundamental. Agora, se se pode ou deve aumentar a produção, eu acho que era bom porque esta já foi uma cultura que se desenvolveu muito na região e teve muito interesse. O que é necessário, em primeiro lugar, é conseguir que a indústria cervejeira adquira o lúpulo, pois estar a produzi-lo sem colocação não vale a pena porque é algo que não se pode guardar, tem de ser vendido imediatamente para ser consumido ou então estraga-se.”
Humberto Morais faz as contas, e conclui que o preço que é pago atualmente, a rondar os 4€, não acompanha o aumento das despesas.
“Este ano não sei a quanto estão a pagar, mas antigamente, vendia-se o lúpulo a 300 ou 400 escudos o quilo, e já lá vão mais de 20 anos. Nos tempos de hoje, estão a pagar 4€/4,5€, que são 800 e 900 escudos, respetivamente, e isso não pode ser.
Para ver a diferença que há só lhe digo, antigamente quando nos pagavam entre 300 e 400 escudos, uma saca de adubo custava entre 35, 40, ou até mesmo que fosse 70 escudos, e hoje custa entre 10€ a 15€, e recebemos pelo quilo de lúpulo 4€, está bem visível a diferença.”
O produtor relembra tempos em que no distrito de Bragança e Braga se colhiam 300 toneladas de lúpulo, uma cultura agora residual, dados os elevados custos de produção e a falta de empresas compradoras.
Escrito por ONDA LIVRE
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