A gastronomia é um dos pratos fortes da feira dedicada à castanha, caça e pesca, que começou hoje em Bragança, com os petiscos de enchidos e fumados sem receios das recentes polémicas no setor da carne.
Na Norcaça, Norpesca e Norcastanha - Feira Internacional do Norte, "gostam da presença dos petiscos" e um tasquinho como o de Alice Carpinteiro "dá sempre jeito, até do ponto de vista económico, porque é mais barato".
É o que dita a experiência de quatro anos a participar no certame e que Alice acredita não será diferente nos próximos quatro dias, até pelo que tem observado na tasca que dirige e que é das mais conhecidas de cidade (o Ti Artur), onde os clientes "vão [agora] mais de propósito comer uma alheira ou uma chouriça".
"Os meus clientes mantêm-se, não temos tido alteração", garantiu à agência Lusa esta empresária, que também produz fumeiro para consumo e venda no estabelecimento.
Por causa da polémica com os casos de botulismo alimentar associados a uma marca de alheiras de Bragança, Alice acrescentou a análise a esta bactéria às que já fazia ao fumeiro que confeciona.
Disse à Lusa que está à espera do resultado e que este chegue ainda a tempo de expô-lo na feira, onde são esperados 20 mil visitantes portugueses e espanhóis.
Dúvidas levanta-lhe o relatório da Organização Mundial de Saúde sobre os riscos de cancro associados ao consumo de fumados.
"Temos de ter noção que já os nosso pais, os nossos avós foram criados à base dessas comidas. É um método de conservação do produto", defendeu.
Alice ocupa um dos 140 espaços da feira juntamente com representantes dos setores em destaque, como a castanha, que está no auge da campanha e a "correr bem", embora a procura ainda "seja pouca", como afirmou à Lusa Eduardo Fernandes, da Arborea.
Esta associação espera vender entre "700 a 800 quilos" nesta feira, que há 14 anos começou por ser apenas da caça, aquela que já foi das maiores riquezas "da região e do país", mas que "tem vindo a decair", como observou o armeiro Paulo Valbom.
Há 15 anos, havia 350 mil caçadores. Atualmente estão reduzidos a menos de metade e a prova de decadência do setor é o número de armeiros em Portugal, que são agora "uma décima parte" dos que existiam há 10 anos.
A autarquia de Bragança, que organiza o evento, não desiste de manter os três setores e acredita que a caça e pesca podem ser revitalizadas com o impulso da castanha, o produto mais rentável da região, que é maior produtora nacional deste fruto seco.
"A castanha, por aquilo que representa em termos económicos, não deixa de ser o motor da economia transmontana e, por essa via, será um impulso para a promoção da caça e da pesca, até porque, na gastronomia regional, as três ligam bem", defendeu o presidente da Câmara, Hernâni Dias.
A feira tem na edição deste ano algumas novidades, como a ‘Cozinha Internacional Estudantil’, com a comunidade de estudantes estrangeiros do Instituto Politécnico de Bragança a promover showcookings com demonstrações da gastronomia do Brasil, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Itália, Polónia, Espanha, Marrocos e México.
O certame é ainda composto por atividades ligadas aos três setores, exposições, montarias, concursos e outros momentos de distração para os visitantes, como escultura em fruta.
Paralelamente, decorre também em 22 restaurantes de Bragança a semana Gastronómica ligada aos três produtos.
Agência Lusa
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