Levaste-me ao teu rio de infância, meu amor. O mesmo rio onde nos encontramos há tantas gerações. O rio de seu nome Sabor, com sabor a memórias, a poços fundos, a tardes de verão, na urgência dos beijos ao entardecer. O nosso rio, a nossa ponte que se ergue altiva e acolhe mil pássaros, na novidade do manto verde de mil heras trepadeiras. E ali ficamos como se toda a pradaria fosse nossa, como se adivinhássemos os segredos das infindas pedras roladas que resistem à pressa do caminhante.
Levaste-me ao rio e senti que tu eras o meu rio… a minha margem onde navego na beleza do teu ser, no fascínio dos teus olhos e na maresia das tuas mãos.
… disseram-me que domesticaram o nosso rio… em Terra Quente… que desgosto… sentido no silêncio de um rio prisioneiro…
… que nos levem tudo, meu amor… mas que fique, para sempre, o nosso canto de rio livre… o nosso canto de amor e liberdade.
Fernando Calado
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