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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 8 de novembro de 2015

A Capela de Valfreixo

Capela de Valfreixo - solitária no termo de Miradezes

                Escrito por: Jorge Lage

É assim que o povo se refere (e referia) a esta capela solitária no termo de Miradezes, a alguma distância desta aldeia. Em pequeno, eu menino de escola, ou até antes, quando acompanhava o rebanho de gado com o meu irmão Eduardo e chegávamos às «Fragas da Molinheira» o meu olhar dirigia-se para a Capela de Valfreixo. E parecia-me insólito uma sem qualquer casa por perto. E choviam as perguntas e a que me acalmava por a julgar verdadeira, era que, há muito tempo, os «Angomadinhos» terão sofrido um ataque de formigas e mudaram-se para o actual chão da aldeia e levaram tudo, até a pedra para fazer novas casas.

A minha imaginação pintava quadros com crianças mortas e comidas pelas formigas. Esta imaginação teve um ponto final quando a 10 de Junho o Revmo. Cónego Silvério me recebeu em Miradezes e me mimou com um almoço em sua casa e a que já me referi. A visita guiada pela aldeia, à Igreja e a extensa conversa mantida fez-me ver o passado com a sabedoria do presente. O próprio oro-fitónimo «Vale de Freixo» (o povo diz Valfreixo) sofreu ajustamento mais urbano. E mais curioso fiquei quando me ofereceu os cadernos culturais da sua autoria: «Vale de Freixo – Nossa Senhora da Apresentação – 21 de Novembro» e «N.ª Senhora d’Apresentação – Vale de Freixo, Miradezes - 2011». No primeiro fala-nos da extinção da freguesia de Miradezes pela reforma administrativa de Mouzinho da Silveira de 6 de Novembro de 1836 e consta como anexa a «Quinta de Vale de Freixo»».

Hoje perduram ali os topónimos: Lameiro da Quinta e Olival da Quinta. Vale de Freixo é um terreno ribeirinho, na margem esquerda do rio Rabaçal, em que haveria uma mata de freixos ou nos rebordos de ribeiros ou regatos com abundância desta árvore ripícola. Sobre as complexas relações dos moradores da Quinta, cita o ditado popular: «Gente de Quinta!... Deus a fez, mas o diabo a pinta.» A Capela de Vale de Freixo está de pé e alindada devido à acção do Cónego Silvério e à devoção (e generosidade) das gentes de Miradezes na Senhora de Vale de Freixo ou da Apresentação (ao templo de Jerusalém).

A imagem da Senhora de Vale de Freixo, que é «em estilo barroco do século XVII, rodeada de anjos», ornamentada de ouro pelos fiéis devotos, com o Menino Deus no colo. Foi retirada da capela e guardada, para se prevenir qualquer furto. Em momentos difíceis os devotos da Senhora de Vale de Freixo, transportavam a imagem envolta em linhos, numa canastra e, na aldeia, faziam-lhe uma novena a que acorriam devotos das redondezas, implorando chuva ou fim desta, bom ano agrícola ou que afastasse alguma praga ou outro mal.

À Senhora de Vale de Freixo

«Senhora d’Apresentação
A minh’alma aqui vos deixo
Em vinte e um de Novembro
Na quinta de Vale de Freixo.» 

«Ó quinta de Vale de Freixo
Com tuas velhas paredes
O Rabaçal aos pés
Coração de Miradezes.» 

Cónego Silvério Pires in «Vale de Freixo – Nossa Senhora da Apresentação»
Miradezes, 21 de Novembro de 2007

in:atelier.arteazul.net

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