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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Casa do Abade Baçal: de um lado as memórias preservadas pela família, do outro o risco de desmoronamento

Habitação foi dividida há décadas por sobrinhos do Abade de Baçal. Uma parte da casa foi recuperada por descendentes, a outra foi vendida a um empresário de Bragança e está em risco de ruir.
Uma parte da casa de Francisco Manuel Alves, o Abade de Baçal, está em risco de ruir. Há quase 70 anos, desde que o Abade morreu, que a casa foi dividida em duas partes que ficaram param os dois sobrinhos netos do Abade: Barnabé e Luzia. A parte que tocou a Barnabé foi sendo recuperada e sofreu obras de remodelação há cerca de 10 anos, altura em que passou para a posse de uma das suas filhas: Leonor Alves Pinelo Doutel. Por outro lado, a parte que tinha tocado a Luzia foi-se degradando ano após ano e, actualmente, está em risco de ruir. 
Luzia deixou a sua parte a uma filha adoptiva que, há sete anos, acabou por vendê-la a um empresário brigantino. “A casa estava a cair e não tinha recursos para a compor. Na altura, ainda falei com a Câmara de Bragança que disse que a comprava mas não comprou. Eu estava a fazer outra casa e tive de vender aquela. Os familiares também se mostraram interessados mas não chegamos a um acordo em relação ao valor” contou Ilda Rodrigues ao Jornal Nordeste. 
O empresário que comprou a parte da casa que tocou a Ilda Rodrigues, chegou a ter um projecto para transformação do edifício num hotel rural. O empreendimento composto por 20 quartos, previa ainda um espaço dedicado à memória do Abade de Baçal. Um investimento orçado em mais de um milhão de euros e que António Leitão, empresário da área da transformação de mármores e granitos, não quis abraçar sozinho. “Não avancei porque veio a crise e, infelizmente, neste momento mal se ganha para sustentar a fábrica de transformação de mármores e granitos. Estou á espera de melhores dias, mas não está fácil. Não me quis aventurar porque não é só com fundos comunitários que se faz este tipo de investimento, também é necessário investir com capitais próprios”, confessa António Leitão. 
O empresário conta ainda que já apresentou o projecto a outros empresários da cidade, de forma a estudar uma forma de avançar com um investimento conjunto. No entanto, ainda não foi possível concretizar essa ideia. Também o Município de Bragança, segundo António Leitão, não tem demonstrado interesse em reabilitar o imóvel. “Não tenho visto grande vontade por parte da Câmara, senão já teríamos chegado a acordo”, constata o empresário. Confrontado com esta situação, o presidente do Município de Bragança., não quis pronunciar-se sobre o assunto. 

Directora do Museu gostaria que se concretizasse a ideia de um Centro de Estudos do Abade de Baçal 

A parte do imóvel que agora está na posse de António Leitão está à venda por cerca de 140 mil euros. O proprietário lamenta que o edifício esteja em risco de ruir. “Gostava que houvesse alguém que pudesse dar seguimento a este projecto. O Abade de Baçal é uma das figuras mais ilustres de Trás-os-Montes e penso que o património que foi dele merecia outro tipo de tratamento”, considera António Leitão. 
Já a directora do Museu Abade de Baçal também gostaria de ver aquele património com outro tipo de tratamento mas, confessa, que para que se possa concretizar, terá de haver uma parceria entre várias instituições. “Ainda não há um projecto delineado. Era nossa intenção criar ali um Centro de Estudos do Abade de Baçal mas ainda estamos no mundo das hipóteses, tentativas e ideias. O Município, penso que também tem interesse nisso, e há muitos interesses. Agora é necessário congregá-los. Acredito que um dia isso possa acontecer”, frisa Ana Maria Afonso. 


Família lamenta estado de degradação em que se encontra parte do imóvel 

Se de um lado a casa que outrora pertenceu ao Abade de Baçal está restaurada, do outro está a cair aos pedaços. Uma situação que entristece a família. “Sinto uma mágoa, e frustração, uma série de sentimentos… Eu e toda a família lamentamos que tenha havido, ao longo do tempo, um desinteresse tão grande por parte de pessoas que têm poder político local e um desinteresse tão grande por esta figura da nossa cultura. Teoricamente, o Abade de Baçal foi tão importante mas, na prática, não se tem dignificado a sua imagem, assistindo ao ruir de metade da casa”, lamenta Leonor Doutel, ao contemplar da sua varanda a parte degradada da casa. 
A proprietária da parte da casa recuperada acredita que o Município de Bragança deveria intervir e evitar que parte do imóvel se transforme em ruínas. “Atendendo ao contexto em que vivemos, no mínimo, o poder local poderia assegurar a estrutura da casa em termos de cobertura e paredes”, considera Leonor Doutel.
Nesta casa, cada recanto e objecto remete para o Abade de Baçal ou para os pais de Leonor. A casa serve de espaço convívio para toda a família. É lá que se reúnem aos fins-de-semana e que passam os dias festivos. As memórias da própria infância das cinco irmãs e um irmão Alves Pinelo juntam-se às histórias do Abade, transmitidas pelos próprios pais. “O meu falava sempre dele com muita admiração e contava-nos muitas histórias”, recorda, Vitória Pinelo, uma das irmãs.
A família gostava de poder recuperar a casa mas, o elevado valor associado ao investimento faz com que tal não seja possível. “Sentimo-nos um bocado impotentes. O meu filho é arquitecto e gostava imenso de poder reabilitar a casa mas sente uma tristeza grande por não poder fazer nada, porque não temos recursos para conseguir isso”, acrescenta Francisca Pinelo, outra das cinco irmãs.
Entretanto, na parte da casa que já está recuperada, a família está constituir uma sala- museu com objectos pessoais e livros que pertenceram ao Abade Baçal e até textos inéditos assinados por Francisco Manuel Alves. Frequentemente, a família é solicitada por turistas e investigadores interessados em visitar a casa, mostrando disponibilidade para abrir as portas. Para já, a parte da casa recuperada mantém-se no domínio privado e a outra parte está á espera de investidores que queiram reabilitá-la. 

Por: Sara Geraldes
in:jornalnordeste.com

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