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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 21 de novembro de 2015

De Miranda do Douro a Bragança passando por Palaçoulo...

Esta semana a VOLTA A PORTUGAL do Emigrante/Mundo Português vai continuar para o Nordeste transmontano, deixando a cidade implantada junto ao Douro Internacional e rumando até Bragança. Tempo ainda por passar por Palaçoulo a aldeia que um emigrante deu vida e desenvolveu uma industria de tanoaria e onde se produzem as afamadas pipas onde estagiam os bons vinhos portugueses. Chegaremos depois a Bragança e completando esta Volta a Portugal pelo nordeste transmontano, passeio que se iniciou em Castelo Rodrigo.

Deixando Miranda do Douro, obrigatório se torna visitar a aldeia de Palaçoulo (ver caixa) pela sua pujança económica na industria das facas e tanoaria. Com cerca de 900 habitantes é sede de uma das mais importantes freguesias do concelho de Miranda do Douro, localizado na região sudoeste do território do Concelho, implantado ao longo de uma suave colina, é servido em termos de rede viária pela E.M. 569, sendo a distância a Miranda do Douro (via Duas Igrejas) de cerca de 23 km. Faz também parte desta Freguesia o lugar rural de Prado Gatão.
Há indícios de que o seu povoamento tenha tido inicio em épocas pré-históricas. Esta conclusão é fundamentada pela descoberta de figuras rupestres em Palaçoulo. O espólio aqui encontrado é composto, para alem de desenhos gravados em rocha, por algumas escavações feitas na pedra, identificadas como possível Santuário rupestre, sendo distinguidos, nas rochas marcas de espaços rectangulares e do que parecem ser pias. Estes achados são de extrema importância histórica e valor arqueológico. Há também manifestações da permanência romana no território da freguesia, confirmados pela existência de vestígios de um Castro talvez romanizado (Penhal Castro), a Oeste da povoação, e ainda vestígios de um povoado romano, o “Toural”. Crê-se que o seu topónimo tenha tido origem na língua Latim, com o termo “Palatiolum”, sofrendo uma transformação para Palaciolo na Idade Média, sofrendo evolução para Palaçuolo, em Língua Mirandesa.
Referência para a Igreja Matriz, de apreciável dimensão e bastante bem conservada, e para as Capelas de S. Sebastião e da Srª do Carrasco. Existem interessantes exemplares da arquitectura regional de feição popular. A norte do aglomerado encontram-se vestígios de um Castro talvez romanizado -”Penhal Castro”, e ainda vestígios de um povoado romano, o “Toural”.
No lugar de Prado Gatão, destacam-se a Igreja e as Capelas de Stº Cristo e de Stª Bárbara. No âmbito económico, o sector primário foi em tempos, através da agricultura, a principal fonte de rendimento da freguesia, dedicando-se, hoje a esta actividade, a tempo inteiro, 45 famílias.
Actualmente a propriedade encontra-se muito dividida, existindo no entanto, condições para a cultura do trigo, do centeio , da cevada, da aveia, de tremoços, de lentilhas, entre outros. Neste campo é também importante a extracção de cortiça, outro dos importantes factores económicos do povoado. A pecuária encontra-se desenvolvida, tendo em conta o facto de a carne Mirandesa ser considerada uma das melhores da Europa. Neste sector, destaca-se a criação de gado bovino, ovino, caprino, suíno, e outros.
O sector secundário é vasto na freguesia, contribuindo em muito para o seu progresso económico e social, visto ser impulsionador de vários postos de trabalho, trabalhando diariamente neste sector, o número de 126 pessoas. É representado pela indústria da cutelaria, tanoaria, artesanato, construção civil, serralharia, artes gráficas, fabrico de blocos e panificação.
O sector do comércio e serviços, ou seja, o terciário, é de igual importância para a freguesia, dando emprego a 38 pessoas. Assim os habitantes de Palaçoulo, para alem dos serviços à sua disposição, podem também contar com vários tipos de estabelecimentos comerciais, em número suficiente para satisfazer as suas necessidades.

Vimioso

O concelho de Vimioso está integrado no distrito de Bragança , ocupa uma área de 481,5 Km2 e abrange administrativamente catorze freguesias, com oito aldeias anexas, duas das quais com sede em vila (Argoselo e Vimioso). É limitado a Norte pela Espanha; a Este e Sudeste pelo concelho de Miranda do Douro; a Sul pelo concelho de Mogadouro; a Oeste pelos concelhos de Macedo de Cavaleiros e Bragança.
Vimioso (em mirandês Bimioso ou Bumioso) é uma vila portuguesa com cerca de 1 200 habitantes, situada no extremo nordeste de Portugal. Pertence ao distrito de Bragança, na região Norte de Portugal e sub-região do Alto Trás-os-Montes. É sede de um concelho ou município com 481,47 km² de área e 4 857 habitantes (2009)[1], limitado a norte pela Espanha (município de Alcanizes), a leste pelo concelho de Miranda do Douro, a sul por Mogadouro, a oeste por Macedo de Cavaleiros e a noroeste por Bragança.
Exceptuando as freguesias de Vimioso e Argozelo que concentram os serviços (administração, bancos, comércios, etc), o concelho de Vimioso é um município rural cuja população exerce actividades essencialmente agrícolas. A emigração e o êxodo rural para Bragança e para as metrópoles do litoral (Porto, Lisboa), explicam a desertificação dramática da região. A população do concelho é hoje principalmente constituída de idosos.
Deixemos Vimioso e rume-mos a Bragança, através das únicas estradas municipais e regionais, já que daqui a Bragança não há vias rápidas. Chegamos assim a uma grande e histórica cidade onde as rotundas evocam o contrabando, a chega de bois, ou os caretos. Dois dias é o que se aconselha para visitar o património que está cidade oferece.

Bragança

A origem de Bragança e do seu topónimo, sabe-se que nos séculos XI e XII, segundo os Livros de Linhagens, existiu a família dos Bragançãos, provavelmente fixada em Castro de Avelãs (na altura sede de um mosteiro beneditino que dominava uma área geográfica apreciável do actual distrito de Bragança, tendo sido um dos seus abades, D. Mendo, que deu origem a esta genealogia). Diz-se que Fernão Mendes, um dos Bragançãos mais ilustres, teria raptado e casado em segundas núpcias com D. Sancha, filha de D. Henrique e D. Teresa, tendo desempenhado um papel importante na defesa desta região. Bragança teria passado a constituir propriedade da coroa por falta de descendência nesta união.
A importância estratégica de Bragança, sobretudo ao nível militar e do controlo das vias de trânsito, resultante, em grande parte da sua localização, permitem contextualizar e perceber as medidas administrativas instituídas pelos monarcas, especialmente durante as duas primeiras dinastias, e que visavam garantir um mínimo de operacionalidade da praça. D. Sancho outorga carta de foro em Junho de 1187, que seria sucessivamente renovada por D. Afonso III, em Maio de 1253 e, mais tarde, por D. Manuel em 11 de Novembro de 1514. O primeiro foral atribuído não seguiu nenhum dos modelos já aplicados o que demonstra a importância específica atribuída à vila, a primeira em Trás-os-Montes a ter carta de foral.
As Terras de Bragança foram pertença da coroa até ao reinado de D. Fernando, altura em que este as deu a João Monso Pimentel como dote de casamento de Joana Teles de Menezes, irmã bastarda da rainha D. Leonor Teles. nAté 1401 Bragança mantém-se em poder de Castela. Pouco depois, já como ducado e elevada a título nobiliárquico (Casa de Bragança), é doada pelo regente D. Pedro a D. Afonso, sétimo conde de Barcelos e filho ilegítimo de D. João I. Com D. Fernando, segundo duque de Bragança, em 20 de Fevereiro de 1464, e a pedido deste, é concedido o título de cidade à vila de Bragança, pretendendo, assim, “estes poderosos senhores rivalizar, em títulos e privilégios, com os filhos legítimos de D. João I» (Monteiro, 1988).
Volta provisoriamente à coroa no contexto das conspirações contra D. João II e, pouco depois, por carta de D. Manuel em 1496, regressa à posse dos antigos senhorios até ao seu último titular, futuro D. João IV, sendo definitivamente anexada à coroa no tempo de D. Afonso VI. Nos séculos XIV e XV o crescimento demográfico é já mais visível, sobretudo no extramuros. Nos séculos XVI, XVII e XVIII assiste-se a um maior dinamismo e crescimento urbano - obviamente resultado da conjuntura económica, política e militar – patente na construção e/ou remodelação de todas as igrejas, conventos e casas brasonadas. Muito terá contribuído a dinâmica económica relacionada com a transformação da seda - cujos produtos finais eram exportados e vendidos em todo o reino com grande fama -, além das indústrias que os documentos e a toponímia da cidade indicam ter existido (ruas dos Prateiros, dos Sineiros, dos Oleiros, da Alfândega, Ponte das Tenarias, das Ferrarias, etc.), mais vocacionadas para o mercado regional.
De facto, a área urbana da cidade nos inícios do século XX era quase coincidente com a que existia nos finais de seiscentos, exceptuando uma ou outra artéria periférica, então em inícios de urbanização. A este dinamismo e crescimento não terá sido estranha a actividade despoletada pelos judeus aqui sedeados, em grande número após a sua expulsão de Castela pelos Reis Católicos nos finais do século XV, estimulando o comércio e a indústria, sobretudo a sericícola.
Visite nesta cidade e capital de distrito os antigos Paços Municipais de Bragança/ Domus Municipalis - Ex-libris da cidade de Bragança, é um dos mais insólitos monumentos tardo-românicos portugueses do século XIV. A função aparentemente civil para a qual foi concebido, a sua peculiar organização em pentágono irregular, a sucessão de arcarias de volta perfeita que ritmam os alçados, o espaço interior organizado num amplo salão profusamente iluminado, e a associação a uma cisterna, são características que conferem a este edifício um carácter único no nosso país, sem paralelos imediatos na restante arquitectura medieval nacional.
Tendo integrado os Paços do Concelho de Bragança desde o início do século XVI até meados do século XIX, altura em que a ruína iminente determinou o seu abandono, aparenta um aspecto fortificado, que aponta para a sua dupla função - cisterna e sala de reuniões da câmara. A cisterna é de alguma dimensão e tem abóbada de berço assente em três arcos, e a sala de reuniões, tem no interior um amplo salão, profusamente iluminado por janelas, e um banco corrido a toda a volta do recinto. As janelas de arco de volta perfeita sobrepujado por uma cornija com modilhões, surgem numa sucessão de arcarias que ocupam horizontalmente a totalidade dos alçados.
Visite depois o castelo de Bragança. Construído no século XV, sobre uma edificação da época de D. Dinis, apresenta traços arquitectónicos góticos, sendo composto pela torre de menagem e por um conjunto de muralhas, que envolve o núcleo antigo e forma quatro recintos individualizados. Implantado num local elevado, e de planta oval irregular, o seu interior revela, ainda, parte de uma organização viária sanchina, com dois eixos principais a confluir para a Porta da Vila. No reinado de D. Dinis, teve lugar a primeira reforma do castelo e no século XV foi construída uma segunda linha de muralhas, com o objectivo de proteger o bairro dos arrabaldes, um conjunto eminentemente comercial e em franco desenvolvimento durante os séculos XIV e XV.
A cinta de muralhas do castelo, que define o espaço intra-muralhas, é interrompida por várias portas, destacando-se a Oeste, a de Santo António, e a Este, a da Vila, revelando a racionalidade e o carácter radiocêntrico do projecto, onde os eixos viários confluem para o centro e estabelecem a ligação entre estas duas portas. A Sul, a fortaleza integra um amplo espaço, que proporcionou a defesa ao Rio, a Norte tem adossada a Torre de Menagem, uma edificação de planta quadrangular, com três pisos, com aberturas e janelas de arco apontado, e com torreões circulares nos vértices. Junto a esta torre surge a Torre da Princesa, uma construção com várias frestas de iluminação. Entre estas torres, existe a praça de armas, de onde é visível a ponte, assente em arco apontado, que liga o caminho de ronda à entrada da torre de menagem. A nível de museu temos para visitar o Museu Militar, o Museu do Abade de Baçal, o Museu Etnográfico Dr. Belarmino Afonso, o Núcleo Museológico da CP, o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais e o Centro de Ciência Viva/Casa da Seda.

Os pipos em Palaçoulo...
A família Gonçalves, de Palaçoulo, há muito se dedica à arte de fazer pipas, ou pipos, para guardar vinho. Da oficina tradicional do avô, à oficina mais moderna do pai, a família passou, no virar do século e do milénio, para uma unidade servida com tecnologia de ponta e controlos de qualidade de nível internacional.
Hoje, em Portugal, a fábrica de pipos de Palaçoulo não sente o pressão da concorrência e, a nível internacional, concorre já com os melhores, num mercado que é, desde há muito tempo, liderado pela França. A empresa, JM Gonçalves, - Tanoaria Lda. é uma empresa familiar. Filho de tanoeiro, José Maria foi emigrante em França, na década de 60. Nesse país trabalhou numa grande fábrica de pipos, onde terá aprendido alguns segredos da arte de fazer as melhores barricas do mundo. Mais do que guardar vinho, estas emprestam parte das suas qualidades ao produto que casa vinícola se orgulha de apresentar.
É também com orgulho que os irmãos Gonçalves fazem os seus pipos, procurando a perfeição, ao mesmo tempo que um aumento de produção. José Maria Gonçalves, estimulado pelo que viu e aprendeu, quando regressou a Portugal, em finais de 1973, resolveu continuar a arte que era já do seu pai, introduzindo-lhe algumas inovações. Começou por trabalhar numa oficina, em casa, tendo os filhos mais velhos como ajudantes. Neste momento, não só trabalham na fábrica os filhos, como também alguns netos.
Neste momento a produção anual é de 13 mil a 15 mil barricas. Cerca de 80 por cento das barricas destinam-se ao mercado internacional e às grandes casas produtoras de vinho que, num pipo, procuram sobretudo qualidade, ou excelência, ao invés de um preço barato. As barricas de Palaçoulo reservam vinhos de países como Espanha, França, Alemanha, Itália, Estado Unidos (estado da Califórnia), Brasil, Argentina, Chile, Austrália e África do Sul. Se deste lado do Atlântico Portugal, Espanha e França são ainda os principais clientes, do outro lado do mundo, os pipos Gonçalves chegaram já à Califórnia, cujo mercado tem um grande poder de compra, mas é também um dos mais exigentes.

in:diariodetrasosmontes.com

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