quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Lacre no Teatro este sábado com novas músicas e toda uma produção a estrear que promete surpreender

Banda: Lacre
Início: janeiro 2012
Formação:
Carolina Vieira: vocalista
Miguel Moita-Fernandes: guitarra
Yazalde Afonso: guitarra
Rómulo e Igor Ferreira (irmãos): violoncelo e Violino, respetivamente
Apresentação do 1º álbum: “Opus 0”, junho 2013, 10 originais
Lançamento: na atualidade
Próximo álbum: 2016

Entrevista:

Diário de Trás-os-Montes (DTM): Porquê Lacre?
Lacre: Desde o início sabíamos muito bem para onde íamos e como é que queríamos que isto fosse a todos os níveis. Nós queríamos que isto fosse um projeto acústico, nós sabíamos perfeitamente a imagem que queríamos adotar e também o selo que queríamos ter. Cada um de nós vem de panoramas musicais completamente diferentes e nós sabíamos, porque foi uma decisão tomada por todos, seguindo a sugestão, na realidade, dos mentores deste projeto, que são o Miguel e o Yazalde, que queríamos fazer um projeto cantado unicamente em português. Ou seja, desde o início, nós todos concordámos e sabíamos perfeitamente o caminho que queríamos tomar. Então, adequando isto à imagem que nós adotámos desde o inicio, nós sabíamos que tinha de ser algo assim que fizesse logo lembrar aquilo que nós na realidade mostramos em palco e nas fotos e na imagem que passamos. Portanto, vieram alguns nomes para cima da mesa e Lacre foi escolhido por unanimidade, por tudo aquilo que significa.

DTM: Eu sei que esta pergunta, apesar de recorrente, não é nada fácil, mas como é que definiriam o vosso estilo de música?
Lacre: De fato, esta pergunta é a mais difícil, mas vou ter de aproveitar a deixa para dizer isto: as pessoas têm a tendência natural para nos encostar a projetos já existentes. O que, para nós, até certo ponto, é bom porque todos eles são, na nossa opinião, artistas de bastante qualidade e nós ao sermos equiparados a esse tipo de projetos ficamos bastante contentes porque estamos a ser comparados a algo realmente bom que se faz neste país. Mas a verdade é só uma, é muito mais fácil para as pessoas catalogarem-nos pela sonoridade que Lacre apresenta. Agora, aqueles interessados em ouvir e conhecer Lacre de uma forma mais atenciosa e minuciosa, tenho a certeza que depressa se vão aperceber que Lacre é Lacre, só Lacre, só poderá ser definido como Lacre e mais nada.

DTM: Ou seja, Lacre não se enquadra em nenhum estilo específico de música?
Lacre: Na realidade, é um conjugar de estilos. Tem um cheirinho de fado, de música popular, passando pelo género canção, pelo clássico e neoclássico e outros estilos mais.

DTM: Qual é o vosso maior êxito até ao momento?
Lacre: Acho que são dois. Um foi o primeiro single que lançámos com videoclip, “Ode (a)Deus”, e a que toda a gente aderiu em massa. Nesta nova fase, lançámos um segundo single, “Prosas mordazes”, que teve um outro tipo de aceitação e isso porque conseguimos que passasse na Antena1 e ainda hoje continua a passar regularmente na rádio.
Agora, nós costumamos dizer o lançamento do álbum, mas, na verdade, nós apresentámos o álbum em junho de 2013 aqui à cidade, principalmente para todas as pessoas que nos acompanharam e foram fundamentais para o arranque deste projeto. Mas, na realidade, o lançamento está a acontecer agora porque é quando o cd está, finalmente, disponível para ser comercializado no país inteiro. Neste momento, nós estamos a trabalhar com uma equipa firme, uma equipa que são os outros membros não visíveis deste projeto, mas sem os quais o nosso trabalho não seria possível.

Numa cave de bairro exígua, entre cigarrilhas e copos de vinho, os dedos aquecem-se enquanto os instrumentos se afinam.

DTM: Como é que funciona o vosso processo de criação? Um de vós traz uma ideia para os ensaios ou a inspiração surge naturalmente a partir do momento em que vos reunis para tocar?
Lacre: Nós temos poetas! O nosso Moita-Fernandes e o Yazalde são pessoas que escrevem de forma exímia e que nos trazem esses poemas que são nada mais nada menos do que histórias porque Lacre, na realidade, é isso! São histórias, são sentimentos, são experiências e vivências que nós procuramos colocar de forma a que cada um à sua maneira se identifique com elas. E é essa a proximidade que nós queremos ter, agora e sempre, com o público. O que acontece é que geralmente, é trazida para aqui uma ideia base, pode ser uma letra, uma harmonia, algo que sirva para começar. Depois a magia acontece quando nós ouvimos aquilo e cada um de nós põe a sua alma e corpo ali e contribui com mais qualquer coisa. É assim que as obras nascem!

DTM: Existe algum músico ou grupo que vos sirva de referência enquanto artistas?
Lacre: Um grupo português que me marcou muito foi “Heróis do Mar” (Miguel). Se estamos a falar de influências que trazemos para aqui, eu teria que escolher um compositor clássico, pode ser Beethoven (Rómulo). Eu continuo a acreditar que a melhor voz deste país foi e será sempre a Dulce Pontes, é alguém que me marcou pela sua energia, presença e claro, vozeirão (Carolina). Posso dizer dois? Johann Sebastian Bach e Meshuggah (Igor). Eu escolho Censurados (Yazalde).

DTM: Sentis, por estardes sedeados em Bragança, que a expressão da vossa arte é limitada pela distância dos grandes centros urbanos como Porto ou Lisboa onde estão as editoras que realmente importam
Lacre: Estando em Lisboa e quando se começa um projeto, existem muitas mais casas onde mostrar a nossa música. Aqui, mostramos o nosso trabalho em dois ou três sítios e acabou. Na capital existe uma panóplia de editoras que correm certos sítios onde as bandas atuam na tentativa de descobrirem novos talentos. Se nós quisermos ir tocar a Lisboa, não é só a distância, mas os custos e toda a logística inerente que temos de fazer transportar. É muito difícil! Isso por um lado, mas por outro também acho que as coisas são como deveriam ser. Também pelo fato de estarmos em Bragança, existe uma maior proximidade com as pessoas e eu acho que o apoio que nos foi dado de início foi mais rápido do que seria se tivesse sido numa cidade grande. Ou seja, eu prefiro não pensar muito nisso. Lacre está a chegar onde tem de chegar. Passos assertivos. Tudo a seu tempo. Nós estamos com muita força neste momento. Estamos com pessoas que nos estão a ajudar e as coisas estão a correr muitíssimo bem. Agora, acreditamos que as coisas são exatamente como deveriam ser e se nós nascemos e crescemos até aqui em Bragança é porque era aqui que tínhamos de estar.

“Lacre é Lacre, só Lacre, só poderá ser definido como Lacre e mais nada”

DTM: Interpretais apenas criações vossas. Neste momento, quantos originais tendes prontos para mostrar ao público?
Lacre: Temos cerca de quinze originais prontos. É importante salientar que, no primeiro álbum, também descartámos quatro ou cinco temas. Ou seja, guardámos essas músicas na gaveta, mas que, a qualquer momento, eventualmente, vamos voltar a revisitar. Nós somos os nossos maiores críticos e só queremos que passe cá para fora aquilo que, na nossa opinião, é o melhor. A verdade é essa, e quando nós reunimos as condições para gravar o primeiro álbum tínhamos demasiados temas e foi muito difícil fazer uma seleção entre eles. São todos como nossos filhos. Mas acabámos por pôr alguns de parte, o que não quer dizer que não voltemos a eles. Lacre, verdadeiramente, tem muita música.

DTM: Quais os objetivos que vós enquanto grupo desejais ver concretizados a curto e médio prazo?
Lacre: A curto prazo será lançar o próximo álbum já em 2016 e que, pelo menos, tenha tanto sucesso como o primeiro. Agora, aquilo que nós realmente queremos e temos como objetivo a curto prazo, já que as coisas estão a correr tão bem, é que pelo menos nos seja dada a oportunidade de se abrirem portas para que nós possamos mostrar fora daqui, em todo o lado, seja em Portugal, seja no estrangeiro, aquilo que nós fazemos. Que as portas se abram e o resto vai acontecer.

DTM: Ides atuar já este sábado no Teatro Municipal de Bragança. Quais é que são as vossas expetativas?
Lacre: Antes de mais, é especial para todos nós. Na nossa primeira vez no teatro, há cerca de dois anos e meio, atuámos para 80 pessoas na caixa de palco, mas desta vez vamos ser recebidos na sala principal. O que é uma honra também para nós e um sinal claro da nossa evolução.

DTM: O concerto no teatro incluirá, também, músicas novas?
Lacre: Estamos a pensar tocar oito músicas do nosso primeiro álbum e quatro novas músicas que, em princípio, farão parte do próximo álbum, num concerto que terá a duração de uma hora e pouco, sensivelmente.
Neste momento, estamos neste processo de criar músicas novas e já que temos a oportunidade para apresentar estes temas novos ao público, vamos testar qual a sua reação. No final, quando chegar a altura das gravações, nós vamos trabalhando e com mais experiência desta vez vamos vendo aquilo que também resulta melhor em estúdio. Temos a sorte de ter a trabalhar connosco o António Pinheiro da Silva (produtor de Madredeus, Rodrigo Leão, Dulce Pontes e de outros grandes nomes do panorama musical nacional), o que para nós é uma verdadeira honra.

DTM: Esperais uma casa cheia?
Lacre: Gostávamos muito!

DTM: Que é que o público pode esperar no teatro? Fala-se numa produção em palco nunca antes vista nos concertos de Lacre. Quereis levantar um pouco o véu sobre o concerto de sábado?
Lacre: Pela primeira vez, vamos trabalhar com uma equipa que nos vai permitir oferecer um espetáculo completamente diferente e muito mais composto do que aquilo que tem sido até agora e que será a nossa equipa fixa a partir de agora. Nós estamos a trabalhar com um dos melhores técnicos de som do país, com um dos melhores técnicos de luzes do país, ou seja, foi tudo pensado e projetado. É diferente! Já não é só a música, já é o espetáculo e para as pessoas que nos têm acompanhado junta-se a essa produção os temas novos que vamos mostrar e, assim, eu penso que realmente vai valer a pena. Lançamos mesmo este desafio! Que as pessoas estejam lá connosco a partilhar aquele que será na nossa opinião um dos melhores momentos de Lacre. Vai ser especial!

in:diariodetrasosmontes.com

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