O bispo da Diocese de Bragança-Miranda, José Cordeiro, considerou hoje inaceitável a reposição das subvenções vitalícias dos políticos nos tempos difíceis que correm e defendeu que todos devem trabalhar para uma sociedade sem privilegiados.
O prelado foi questionado sobre a decisão do Tribunal Constitucional a pedido de vários deputados, num encontro que promove anualmente com os jornalistas de Bragança e, embora ressalvando não ter elementos suficientes e não pretender julgar as pessoas, afirmou que não entende, nem aceita a situação.
"Nos tempos difíceis que vivemos, nas situações concretas da nossa realidade portuguesa e da realidade do Nordeste Transmontano, não consigo entender, nem posso aceitar uma situação dessas. Respeito, mas não entendo", vincou.
José Cordeiro defendeu que "tem de ser exemplar" o contributo de toda a sociedade, da Constituição e de todos os políticos e daqueles que têm responsabilidade a vários níveis na "construção do bem comum e na promoção da dignidade da pessoa humana".
Todos devem "contribuir para a justiça social e a coesão social e nacional" e para que "não possa haver privilegiados", acrescentou.
"Tenho uma enorme dificuldade em entender as injustiças sociais que existem em Portugal e a palavra é de encorajamento a todas as autoridades, aos que têm responsabilidades legislativas, políticas, sociais e eclesiais em Portugal para juntos contribuirmos para o bem comum, para uma maior justiça social e para que a cultura do encontro", declarou.
O encontro deste ano com a Comunicação Social serviu para anunciar novos projetos para a Diocese de Bragança-Miranda, nomeadamente a construção da Casa Pastoral, um espaço que pretende fazer "convergir" para Bragança "a multiplicidade de estruturas espalhadas pela diocese".
O propósito é requalificar o edifício central do Seminário de São José, em Bragança, onde decorreu o encontro com os jornalistas, e transformá-lo num local de formação inicial e permanente do clero e leigos, residência para os padres doentes e jubilados.
O projeto está pensado para ter ainda um auditório, biblioteca, salas de formação e uma ala para retiros, encontros, formação.
"É uma Casa Pastoral aberta a todos", como indicou o bispo diocesano que espera o contributo de todos para poder avançar com a obra.
Nesse sentido, a diocese vai destinar a este projeto parte da chamada renúncia quaresmal, as esmolas e contributos durante o período da Quaresma.
De acordo com o bispo, serão necessários cerca de "1,3 milhões de euros" para a obra que só arrancará quando houver dinheiro e que, embora possa vir a ser comparticipada, conta "sobretudo com as esmolas e donativos".
José Cordeiro explicou que relativamente às estruturas que tinham os fins que passarão para a nova Casa Pastoral, a Diocese pretende vender, como é o caso da antiga Casa do Clero de Bragança, ou arrendar, como propõe para o antigo seminário de Vinhais.
HFI // JGJ
Lusa/fim
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