Parque Natural de Montesinho |
Igreja de São João Baptista na outra margem Rio de Onor |
Carroça e bois - Rio de Onor |
Rio Sabor - França |
A crise financeira não chega aqui. Nestas casas, crise é ter menos cabeças de gado ou má sorte nas chuvas ou a morte de alguém. Falei com um senhor já velhote, que transportava uma carroça puxada por dois bois, de uma contundência que é a marca de água do norte:
- E malta nova por aqui, não há? - perguntei eu.
- Malta nova por aqui não há. Emigram. Ou então estudam. Os novos agora não querem trabalhar, só querem estudar.
- Pois… eu também estudei.
- É. E agora vêm-se queixar da crise. Esquecem-se que é a terra que nos dá o que comer. Agora está tudo desempregado e, olhem, comam o computador.
Soltei uma gargalhada. Ele olhou para mim com um jeito no lábio de quem viu que fez rir alguém. Por cá, desemprego é outro conceito meio vago de que se ouve falar no telejornal das oito. Não sei como está agora, mas aqui, antes, vivia-se o pleno emprego, um sonho de fraca concretização à escala nacional. Não tenho nenhuma reclamação a fazer em relação à tal sociedade de consumo que é tão criticada nestes tempos. Vivo-a diariamente, sem me queixar. Essa, sabemos, não vai desaparecer tão depressa. Mas esta, que é o seu oposto, deve manter-se tão forte quanto for possível à vontade do Homem, e será uma grande perda vê-la a acompanhar um dinamismo que, já se viu, nem sempre dá bom resultado. Que Rio de Onor se mantenha assim não é só um bom sinal para o país. É para a humanidade. Porque não há terra mais humana que esta.
Cheguei tarde a Vinhais e dei poucos passos por cá. Em todos, não pensei noutra coisa. De como a felicidade pode ser tão barata. Ainda penso em ti, Rio de Onor.
por Ricardo Braz Frade
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