Rápida intervenção da PSP não impediu duas mulheres de fugirem com mais de 20 mil euros em fios de ouro de uma ourivesaria do centro de Bragança, que já havia sido assaltada em novembro.
Uma ourivesaria situada no centro da cidade brigantina foi assaltada por duas vezes à mesma hora, cerca das 10h30, numa janela temporal inferior a três meses. A primeira ocorrência teve lugar a 11 de novembro, dia de S. Martinho, do ano transato. Já a segunda ocorreu há pouco mais de um mês e em ambas, os assaltos foram feitos por profissionais. No primeiro, por exemplo, tudo foi feito em menos de três minutos, entre as 10h38 e as 10h41, sendo que os donos só deram fé de terem sido vítimas de roubo ao final do dia quando iam fechar o cofre e se aperceberam que faltavam muitas peças.
O Diário de Trás-os-Montes falou, em exclusivo, com o casal de proprietários da Ourivesaria Sousa, que disponibilizou, ainda, as imagens do primeiro assalto de que foram vítimas gravadas em circuito interno pelas três camaras de videovigilância presentes na loja.
“Um casal chamou-me ali à porta para eu lhes indicar onde era a Praça da Sé. Entretanto, veio um indivíduo quando estava de costas e foi ao cofre. Eu só soube de tudo depois quando vi as imagens da videovigilância”, relembrou o proprietário de 86 anos, que estava sozinho na ourivesaria.
“O casal chamou o João à porta, depois levaram-no ali para o canto para lhe perguntarem onde era o centro da cidade e veio outro indivíduo de chapéu e com um saco na mão”, acrescentou a esposa, que, na altura, tinha saído para tomar café. Ilda João lamenta que as imagens em sua posse não denunciem os larápios, isto porque nos dois casos os ladrões sabiam ao que vinham. Além de virem de chapéu, os ângulos das camaras não permitiram visionar os rostos de forma a ser possível identificá-los positivamente. Atualmente, o casal já baixou as posições das camaras, o que permitirá de futuro reconhecer a cara aos larápios.
No segundo assalto, ambos os proprietários já se encontravam na ourivesaria. “Entraram duas senhoras, a minha esposa atendeu-as e eu estava aqui perto do balcão também”, começou por contar João António Sousa. “Pediram-me para ver fios, mas só depois nas gravações é que vimos: ela tirou o cascol e colocou-o em cima do rolo (onde estão os fios), tira a carteira e mete-a aqui em cima, elas todas simpáticas é claro que ninguém desconfia”, continuou a descrever Ilda João, reconhecendo que não se apercebeu de nada. “Uma tinha cerca de 28, 30 anos. Foi a que roubou, estava desse lado (lado esquerdo, junto à porta, no balcão de entrada) e a outra devia ter 60 anos. A mais nova trazia um gorro da Madeira, daqueles trabalhado à mão e a outra vinha de chapéu”, contou.
“Tirei o espelho daqui porque elas queriam um fio com uma medalha, começo a arrumar as coisas e pergunto ao meu marido: ó João já arrumaste os rolos dos fios? E ele: eu não. É porque o guardaste tu, disse. E eu fui lá dentro à gaveta e não estava lá. Foi quando eu lhe disse: já fomos roubados”, recorda Ilda João. Na ourivesaria estavam mais duas pessoas, que também não se aperceberam de nada e que, quando deram conta do ocorrido, saíram logo à procura das mulheres.
Apesar de hoje em dia, João Sousa considerar que há mais insegurança no geral, ainda considera Bragança uma cidade segura. “Um polícia estava aqui em baixo, veio logo e os colegas da intervenção também. Da atuação da polícia não temos nada a dizer. Só podemos dizer bem porque eles também não podiam ter feito mais. Ninguém deu conta de nada”, sublinha o proprietário, há 51 anos no negócio dos metais preciosos.
“A polícia não pode estar em cada esquina, à frente da porta de cada estabelecimento comercial. Vieram logo dois carros, deram a volta, agora os bandidos já tinham tudo preparado”, calcula Ilda João.
No dia seguinte, uma ourivesaria foi assaltada em Vila Real através do mesmo método, onde roubaram um expositor de medalhas. Uma semana depois, as mulheres, presumivelmente as mesmas, atacaram em Aveiro.
Questionado sobre como é regressar ao trabalho depois do sucedido, João Sousa, que soma dois assaltos em cinco décadas de trabalho, considera que é preciso “tentar esquecer”, mas vai manifestando que “não esquece nunca”.
Já Ilda João tenta minimizar, inconscientemente, o prejuízo moral e financeiro da ourivesaria que faz parte da vida dos brigantinos há 50 anos: “quando entra uma pessoa conhecida tudo bem, mas quando não se conhece, pensamos logo quem será esse, o que é que quer, mas olhe foi um carro que se espatifou”.
Bruno Mateus Filena
in:diariodetrasosmontes.com
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