(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Quase me morreste Abril às portas de Maio, quando as rosas já se anunciam em botão…e os cravos, esses, se dizem sempre num grito vermelho de liberdade!
Quase me morreste Abril à beira do desespero, dos olhos que ficam na ausência do trabalho. A fome sobra…e o pão tarda.
Quase me morreste Abril no mísero salário…nas contas erradas de tanto mês…”muito trabalho para tão pouco dinheiro”.
Quase me morreste Abril à porta da fábrica…nos campos de trigo…no comércio fechado. Nos olhos. Tristeza infinda. Tanta!
Quase me morreste Abril…eu pago. Sou pobre!…Ele recebe. É rico!
Quase me morreste … no funeral em salmodia gregoriana e vão-me dizendo piedosamente:
- Não há dinheiro!
- Tem paciência!
Quase me morreste!...
Não vamos ao enterro
Vamos sair à rua…plantar cravos de Abril…força de Maio!
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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