Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Lavraram a terra como quem escreve um livro… ou prepara o berço para a maternidade anunciada.
- A terra parece farinha! Diz ele!
- E verdade… parece farinha! Diz ela!
E riram no contentamento da terra farinha. Da terra berço… Nossa Senhora de todos os milagres!
Agora com a paciência de que tem o tempo todo para pedir à terra que se resolva no pão nosso de cada dia vão plantar couves ao suco. Couves para o Natal. E o polvo será tenro… o bacalhau macio e as couves a desfazerem-se na boca.
Virá chuva e sol… Agosto será quente… e as couves tronchudas sempre a crescer… a anunciar o nascimento do Redentor!
Depois virão os filhos… virão os netos e a noite de consoada será igual às outras… mas sempre diferente!
Então todos dirão:
- Que couves tão boas as de este ano! E todos os anos as couves são tão boas!
São as couves da terra farinha… do suor… da água… das longas tarde de Agosto… da espera!
Bendita seja Nossa Senhora de todas as esperas… onde o milagre sempre acontece!
- Que couves tão bonitas!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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(Henrique Martins)
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N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
sexta-feira, 17 de agosto de 2018
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