Também as urgências registaram pico de atendimentos, mais 5500. Direcção-Geral da Saúde diz que números “não têm uma expressão preocupante”.
Calor em Julho supera os valores médios. Fins-de-semana têm sido os mais quentes
A Direcção-Geral da Saúde revelou nesta quinta-feira que o calor do mês de Julho provocou um acréscimo de 647 mortes face ao esperado em iguais períodos do passado, principalmente nas pessoas com mais de 75 anos, e que as urgências registaram um pico de atendimentos, mais 5 500, em resultado das elevadas temperaturas que se têm feito sentir.
Apesar do acréscimo da mortalidade face ao esperado para esta altura do ano, a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, assegura que estes números “não têm uma expressão preocupante”, acrescentando que o fenómeno “está naquele limite máximo da variabilidade que nós consideramos normal”. Mas, mais tarde contactada pelo PÚBLICO, admitiu que uma eventual onda de calor nos próximos dias pode alterar a situação.
Graça Freitas explicou, a propósito, que desde Março passado que o excesso de mortalidade face ao esperado já se estava a verificar, todos os meses, provavelmente porque o último Inverno "foi benigno", permitindo a algumas "pessoas em situação mais frágil sobreviver durante mais algum tempo". Aliás, calibrando os dados dos óbitos ao longo dos últimos meses, o excesso de mortalidade em Julho deste ano reduz-se a 237 óbitos, precisou a subdirectora-geral.
Pedro Viterbo, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), adiantou entretanto que Portugal assistiu a uma onda de calor mas a nível local, entre os dias 14 e 19 de Julho, nomeadamente em Santarém, Alvega (concelho de Abrantes) e Benavila (concelho de Avis). Os valores recolhidos até agora indiciam que esta semana poderão registar-se localmente novas ondas de calor em 11 estações meteorológicas (Bragança, Mirandela, Braga, Miranda do Douro, Nelas, Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Monção, Viseu, Elvas e Alvega).
O director-geral da Saúde, Francisco George, sublinhou que só estamos perante uma onda de calor quando, durante seis dias consecutivos, a temperatura registada for superior em cinco graus Celsius ao normal para aquele período, ao mesmo tempo que se registam “noites tropicais” em que as temperaturas não descem dos 20 graus. Braga e Alvega são neste momento as localidades mais próximas de atingir uma onda de calor, tendo em conta que já levam cinco dias consecutivos de temperaturas elevadas.
Para Francisco George, este “é um problema muito sério”, apesar de ainda não ter uma expressão dramática. O director-geral da Saúde destacou, a propósito, o facto de “habitualmente” os portugueses morrerem “mais durante o mês de Janeiro do que em Julho”, quando ocorrem em média cerca de 8000 óbitos no país.
Já Graça Freitas admite que, se acontecer uma onda de calor à semelhança de outras verificadas em anos anteriores, se poderá assistir a uma subida significativa da mortalidade, porque o organismo das pessoas não tem tempo, sem intervalos, para recuperar das elevadas temperaturas ao lomgo de dias consecutivos. Na última grande onda de calor verificada em Portugal, em 2013, morreram quase mais 1700 pessoas face ao que era esperado para essa altura do ano.
A Direcção-Geral da Saúde volta, assim, a alertar a população para a importância da hidratação, principalmente dos idosos, que são considerados mais vulneráveis a estas situações. E acrescenta que é importante passar diariamente pelo menos duas horas num local fresco para que as temperaturas corporais voltem à normalidade.
O que pode ajudar a evitar situações mais complicadas é o facto de, para este fim-de-semana, se prever uma descida significativa das temperaturas máximas, que será da ordem de três a seis graus no sábado, sobretudo no litoral e nas regiões do interior a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, e no domingo em todas as regiões. Também a temperatura mínima vai descer quatro a seis graus no domingo, sobretudo nas regiões do interior. Até dia 1 de Agosto, as temperaturas deverão permanecer relativamente amenas.
Daniela Paulo e Alexandra Campos
Texto editado por Tiago Luz Pedro
Jornal Público
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