(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Ontem encontrei-o por acaso…lá andava ele junto do quintal…silencioso…discreto…sapo!
… a noite estava quente e acho que resolveu fazer uma pausa na sua rotina de jardineiro e do convívio ameno com as roseiras e morangueiros para se refrescar junto ao poço, na companhia consentida com os humanos de quem guarda alguma reserva e distância.
Já está farto de esperar o beijo transformista…e já não sente o bater do coração da rapariga campesina que pela calada da noite se fazia ao horto…em noite de São João… na esperança que o sapo atarracado e gordo se transformasse no príncipe radioso, tão sonhado em madrugadas quentes e de desejos incontidos…
… também já se cansou da criançada andar a levantar falsos testemunhos, cheios de despropósitos para a personalidade dum sapo que se preze: - “Eu vi um sapo; Com guardanapo: Estava a papar; Um bom jantar”!
… já viram isto?!
O que ele quer… é que o deixem em paz… que o deixem refrescar-se no poço…e continuar pela noite dentro no seu mister de jardineiro.
Entendi as suas razões e ontem com direito a fotografia assinalando o acto solene firmamos o contrato: - Ele pode utilizar o meu espaço agrícola para as suas jardinagens e não paga nada por isso…eu, no bom espírito da torna jeira também não pago nada pelos seus serviços de jardineiro especialista.
…e assim está bem!
Os bons contratos fazem os bons amigos!
…boa noite sapo!...espero que o contrato seja irrevogável!
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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