Ontem a Praça das Eiras de Macedo de Cavaleiros ficou a abarrotar para assistir ao 1º dia da XVI edição do Festival Internacional de Música Tradicional, um evento que é já uma marca incontornável no panorama dos festivais de verão, com a particularidade de este ser um dos poucos festivais que se realizam no país tendo como elemento de atratividade as músicas tradicionais do mundo.
Este ano, e mais uma vez, a edição foi aberta com a prata da casa, dois jovens músicos de Macedo de Cavaleiros, António Maltta Gomes e Bruno Mazeda, que mais do que a cintilação da prata transmitiram a um anfiteatro a abarrotar de gente o brilho do ouro da sua criatividade. É, na verdade, o que se poderá dizer da performance destes dois ainda muito jovens intérpretes e criadores que vão construindo as suas carreiras musicais num substrato experimental admirável.
Os dois jovens macedenses juntam o som e os ritmos tradicionais da gaita-de-foles, do cavaquinho, do tamboril, do bombo ou da flauta pastoril a um “layout” eletrónico que vai correndo como uma espécie de sonoridade de fundo que cativa, acalma ou exalta. António e Bruno são, sem dúvida, e apesar de ainda muito novos, dois músicos talhados para um percurso com sucesso garantido.
À atuação de António Malta Gomes e Bruno Mazeda seguiu-se o espectáculo de “La Porteña Tango Trio”, que na verdade não são um trio, mas antes um sexteto de intérpretes que constroem a sua atuação baseados na interpretação de temas tradicionais do tango argentino, não faltando para tal a presença da voz e de dois bailarinos capazes de criarem uma verdadeira ambiência de Buenos Aires.
La Porteña Tango Trio é um dos grupos mais populares de tango a atuar na Europa, tenho o seu selo patente em alguns discos produzidos pelo grande músico argentino Litto Nebbia.
O trio de instrumentistas é dirigido pelo brilhante e experiente guitarrista Alejandro Picciano , tendo no piano Federico Peuvrel e na execução do instrumento mais emblemático do tango, o Bandoneón, Matthias Picciano, um jovem com apenas 21 anos de idade e que é, sem dúvida, uma das grandes revelações do género.
O espetáculo é composto ainda pela voz de Eugenia Giordano e pela coreografia de dois excelentes e irrepreensíveis dançarinos, Marcos Monzón y Amira Luna.
La Porteña Tango Trio trouxe até à Praça da Eiras um grande show de Tango Argentino, com a execução de temas que nos fez viajar através da tradição argentina e do inesquecível Astor Piazzolla, que foi o mais inovador e o maior construtor do som do tango argentino.
A encerrar, já muito próximo da meia-noite e com a plateia reduzida a metade,- um comportamento do público macedense incompreensível e que se repete de ano para ano com os últimos intérpretes-, subiu ao palco Pedro Mestre que, acompanhado de mais três camaradas, brindaram os resistentes com uma atuação de grande nível, composta por quatro vozes cristalinas, muito claras e puras, e uma execução da viola campaniça própria de um grande e verdadeiro mestre.
Pedro Mestre veio de Castro Verde e tem dedicado a sua vida à música tradicional alentejana, desenvolvendo vários projetos nesta área enquanto cantor, tocador e construtor de viola Campaniça.
Nos intervalos entre os grupos atuaram ainda os “Toca a Bombar” e o Rancho Folclórico de Macedo de Cavaleiros.
O Festival continua hoje com os grupos Três Culturas Três, Malech Machaya e Zingarelhos. O que se espera é mais um bom naipe de espetáculos e, já agora, a paciência e a persistência do público para assistir a todas as atuações até ao fim.
in:noticiasdonordeste.pt
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