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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Moinho Parado não Ganha Maquia

Olá, estamos a começar a viver os derradeiros dias de Agosto. Muitos daqueles que encheram as nossas terrras estão quase de partida.No sábado passado tive o prazer de almoçar com os nossos famosos “farruquinhos”, em Coelhoso, na casa da tia Irene, que me apresentou parte da sua familia. Éramos mais de 30 à mesa. Muitos deles escutam-nos diariamente em França. Durante a semana passada, no programa da “maior família do mundo” falámos sobre os moinhos do povo. Por isso, brindo-vos com esse tema.

“Os moinhos de água são engenhos hidráulicos. Salientam-se particularmente os de roda horizontal, bem adaptados ao regime torrencial dos ribeiros de montanha, que quase secam no estio. Por isso mesmo, a sua atividade anual  reduzia-se a pouco mais que os meses de inverno. Eram estes moinhos os mais correntes  e utilizados na moagem do cereal (centeio, trigo e milho), havendo outros, semelhantes mas muito mais raros, usados na fiação do linho e na serração de madeira. Estes moinhos de roda horizontal são de rodízio, com penas, não ocorrendo nesta região os de sistema de turbina por rodízio submerso. O edifício, de pequena dimensão, não ultrapassando 5 x 7 metros, é constituído por paredes muito resistentes, em alvenaria de xisto ou granito, conforme a natureza geológica do local e com cobertura de duas águas, geralmente em lajetas de lousa ou com tosco telhado. Localiza-se nas margens ou pelo menos na proximidade das linhas de água de forte caudal, onde é possível criar um açude, que alimenta uma levada que o vai acionar. O engenho motor, o rodízio, é uma roda horizontal (cabaço) com cerca de dois metros de diâmetro, que tem inserida uma numerosa série (geralmente vinte) de palas côncavas (penas) centrada num eixo vertical (pela ou árvore). A água da levada, repuxada em jato por um orifício do cubo, é dirigida contra as penas fazendo rodar o rodízio e a pela, que está solidária com a mó e lhe transmite o movimento.                       
Há centenas de anos que o movimento da água é usado nos moinhos. A passagem da água faz mover rodízios de madeira que estão ligados a uma mó (pedra redonda muito pesada). Esta, mói o cereal (trigo, milho, cevada, aveia, etc.) transformando-o em farinha. Estas são as estruturas mais primitivas conhecidas de aproveitamento da energia cinética das águas dos rios e ribeiros.
A maioria dos moinhos de água localizam-se na rede de afluentes e subafluentes do Sabor e do Tuela, com maior concentração a norte da cidade de Bragança.
O moinho do povo ou comunitário constitui uma resposta directa às necessidades e possibilidades materiais e técnicas dos seus criadores-utilizadores . Este tipo de construção, muito simples e rudimentar resume a experiéncia de gerações de gente da terra, é como que uma ferramenta adaptada ao trabalho do homem e este foi transmitindo-a tal como os seus antepassados a conceberam e realizaram. O moinho do povo foi construido num passado já distante de que a a população actual das aldeias já se não lembra. A sua conservação e manutençao está a cargo  da junta de cada freguesia”(1).
A União de Freguesias de São Julião de Palácios e Deilão ainda conserva, prontos para trabalhar, 13 moinhos de água, 6 dos quais no rio Maçãs e os restantes em ribeiros. Três em São Julião, 2 em Deilão, 4 Vila Meã, 2 em Caravela, um na Petisqueira e um em Palácios. Quando há água todos destes povos podem ir moer. Não necessitam marcar, se estiver ocupado é só aguardar. Os moinhos do povo não têm chave. Actualmente, a maioria das pessoas que utilizam o moinho do povo é para fazer farelos para os animais.  Nestes dias as gentes da aldeia de Lanção, concelho de Bragança, estão a reconstruir o seu moinho. Claro que não é para trabalhar arduamente como há muitos anos, mas para perservar a memória dos seus antepassados.  Muitos outros moinhos que laboravam antigamente estão em ruinas. Alguns moinhos de particulares foram transformados em unidades de turismo rural.

(1) Texto respigado de “Artes e Tradições de Bragança”, edição da Escola Preparatória de Bragança - 1984.

Página do Tio João
in:jornalnordeste.com

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