As regiões do país estão a ser particularmente prejudicadas com a política económica errada. É o que sustenta o professor universitário, Soromenho Marques, que participou esta sexta-feira à noite na conferência “As regiões em tempo de crise nacional e europeia: problemas e perspectivas”, em Bragança.
O professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, especialista em filosofia histórica e política, valoriza o trabalho que tem sido feito pela administração local e outras entidades em tempo de crise e apesar de cortes das verbas provenientes do orçamento de estado, mas acredita que muito mais poderia ser feito pelo desenvolvimento das regiões se fossem disponibilizados mais meios.
“As regiões estão a fazer coisas notáveis, as autarquias em colaboração com universidades e associações não-governamentais, por exemplo, estão a realizar um enorme esforço para qualificar os centros urbanos e para criar apoios sociais para substituir o orçamento de estado que tem vindo a decair devido às políticas de austeridade. Há muita coisa que está a acontecer de notável, independentemente da crise. Mas seria errado dizer que todo o capital de esperança e potencial de progresso que a Europa tem pode ser desperdiçado só porque ficamos contentes com o que as regiões fazem com poucos meios, podem fazer muito mais se lhes forem dados meios a que elas têm direito e que estão neste momento cativos de uma política errada”, sublinha.
Soromenho Marques acredita que as regiões são unidades fortes e que resistirão à crise, mas entende que não se deveria colocá-las “numa posição de sobrevivência”, que contraria a justiça social e o progresso.
O professor da Universidade de Lisboa falou em Bragança de algumas soluções para sair da crise, defendendo que o caminho deve passar por criar uma Europa Federativa. Mas acredita que antes disso deve perceber-se o que esteve na origem da recessão que o continente atravessa.
“O discurso comum, dos políticos e responsáveis, mesmo de países que se tornaram vítimas deste processo, como Portugal, continua a ser um discurso que de certa forma corrobora, imita e reproduz a visão moral da crise, como se tivesse sido resultado de políticas de despesismo público. Confunde-se um pormenor, que foi importante mas secundário, e esquecemos o essencial, é que esta crise estava sinalizada desde o início na união monetária europeia nos seus defeitos genéticos. E enquanto não os enfrentarmos vamos continuar a repetir os mesmos erros e vamos continuar nesta situação”, sustenta.
Declarações de Soromenho Marques, em mais uma conferência no âmbito da iniciativa “Biblioteca Adriano Moreira: conversas sobre valores e o futuro”.
De acordo com o município, as apresentações deverão ser compiladas e publicadas em breve.
Escrito por Brigantia
Olga Telo Cordeiro
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