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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Revolta do 24 em Bragança. Prisão do bispo

João Carlos Gregório Domingos
Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun
1826
«Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. O Regimento de Infanteria n.º 24 teve a ousadia de prender todos os officiaes superiores, rebellando-se contra as ordens de El Rei nosso senhor na noute de 26 para 27; no entanto tenho a satisfação de saber que o Regimento de Cavallaria n.° 12 seguindo as ordens do seu commandante se retirou debaixo do fogo do supradito Regimento; nesta conformidade tenho tencionado marchar contra os rebeldes com o resto da tropa que se acha n’esta provincia que se tem conservado fiel e obediente.
No entanto, apezar de me julgar com forças sufficientes para rebater esta facção, me parecia bem a proposito que V. Ex.cia fizesse marchar alguma tropa até a fronteira desta provincia, e conservando-se alli, adiantasse hum official para me communicar o sitio aonde se acha, e ordenar-lhe o que convier.
O senhor bispo daquella diocese, e governador da praça, achão-se prezos por não annuirem ás tentativas dos rebeldes. Deus Guarde a V. Ex.cia. Quartel General em Chaves, 29 de Julho de 1826. José Corrêa de Mello, governador das armas de Tras os Montes. Ao lllustrissimo e Excellentissimo senhor João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun». (Ministro da Guerra)

«lllustrissimo e Excellentissimo Senhor. Tenho a satisfação de communicar a V. EX.cia que nem hum só soldado de Cavallaria n.° 12 se reuniu aos rebeldes e que grande numero dos officiaes do Regimento n.° 24, não annuiram aos seus projectos; e que estes vendo-se isolados, se retiraram pela estrada de Gimonde; cujas noticias venho agora de receber; e me apresso a communica-las a V. Ex.cia para suspender as medidas, que eu havia rogado a V. Ex.cia em meu officio de hoje. O visconde de Montalegre retira-se á frente dos rebeldes, como seu commandante; e eu vou a partir como tencionava.Deus Guarde a V. Ex.cia. 

Quartel General em Chaves 29 de Julho de 1826». (Do mesmo Governador ao mesmo Ministro.)

«lllustrissimo e Excellentissimo Senhor. Tenho a satisfação de participar a V. Ex.cia que o brigadeiro José Corrêa de Mello me participa que o Regimento n.° 12 de cavallaria, ao vêr a desobediencia e insubordinação do Regimento 24, se retirara de Bragança, com a mais perfeita disciplina e obediencia ao seu commandante, sobre a estrada de Vinhaes, sem que um só soldado, ou individuo d’este regimento podesse ser seduzido; todos os officiaes superiores, e quasi toda a officialidade do 24 se separou dos sediciosos, e elles se escaparam pela estrada de Gimonde na direcção de Penella (?) (sic), tendo elles anteriormente prendido S. Ex.cia reverendissima o senhor bispo de Bragança e o governador; o brigadeiro Mello, que no primeiro officio de 29 me pedia que o appoiasse com alguma tropa d’esta provincia, no ultimo officio do mesmo dia me diz, que suspenda o movimento que elle tinha exigido, em consequencia do que não se pôz em marcha o 21, e o 3 fará alto n’esta cidade, ou suas immediações pois que estará em marcha. Deus Guarde a V. Ex.cia. Quartel General de Braga, 31 de Julho de 1826. Visconde de Santa Martha (Governador das armas da provincia do Minho).Ao lllustrissimo e Excellentissimo Senhor João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun».

Esta revolta do 24 em Bragança foi por não quererem jurar a Carta Constitucional que D. Pedro mandara do Brasil. Foram duzentos e dezassete homens do 24 os que se revolucionaram, como diz a citada Gazeta do dia 7 do mesmo mês e ano. Em consequência desta revolta, por decreto de 5 de Agosto de 1826 foram extintos e abolidos para sempre os Regimentos n.° 2 de cavalaria e n.os 17 e 24 de infantaria e seus nomes e números foram eliminados dos mapas, livros e registos (todos estes corpos se haviam sublevado). Vem este decreto publicado na Gazeta de Lisboa de 7 de Agosto do mesmo ano.

O bispo preso era D. Frei José Maria Sant’Anna de Noronha.
As tropas revolucionadas internaram-se em Espanha, depuseram as armas no lugar de Travassos no dia 5 de Agosto de 1826 e foram conduzidas para Zamora.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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