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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Crianças tiram-me do sério!

Todos os que têm filhos já experimentaram aquela expressão: "esta criança tira-me do sério!". Mas, como vários pediatras e psicólogos já comprovaram, são os adultos que já estão fora do sério pelas suas próprias frustrações, pressões, medos, mágoas ou preocupações e, normalmente, descarregam nos filhos alguma da raiva contida "como bombas prestes a explodir", conforme refere a psicanalista brasileira Luzinete Carvalho num dos seus artigos sobre a relação dos pais com os filhos.

Fazendo mea culpa em algumas situações, chego a pensar que a nossa vida apressada, com prazos para cumprir e horários padronizados, nos faz esquecer que as crianças têm outro ritmo, outro tempo, outra atitude, a atitude normal de um ser humano em desenvolvimento. E sair do sério não é a melhor forma de ensinar a viver neste Mundo acelerado, principalmente quando explodimos com quem é mais frágil e indefeso e que, acima de tudo, assume uma retaliação da nossa parte como o fim do Mundo.

Não quer dizer que, de vez em quando, não seja preciso uma reprimenda, mas antes de a dar, é necessário refletir se a nossa atitude mais impulsiva tem por detrás outras razões da vida, como contas para pagar ou problemas a nível profissional ou emocional que não estejam diretamente ligados aos filhos.

Dou comigo a pensar que é necessária "uma preciosa tranquilidade mental" para desfrutar da companhia das crianças, até porque os filhos, na verdade, necessitam de muito pouco para se sentirem bem com os adultos. Chama-se tempo de qualidade e, por vezes, não o temos. Como naquela vez que iniciamos uma brincadeira e o telemóvel toca e nos esquecemos completamente da sua presença.

A psicanalista resume muito bem aquilo que sentimos: "As crianças não nos tiram do sério, não nos cobram nada, é que nós, preocupados, ansiosos e infelizes, nos sentimos cobrados internamente, e quando uma criança nos pede algo simples, lá no fundo sentimos vergonha, pois descobrimos que somos, ou estamos, incapazes de realizar mesmo as coisas mais simples".

A verdade é que, quando estamos com eles, precisamos de voltar a ser a criança que um dia fomos. Não quer dizer que as situações tensas vão desaparecer. Elas existem em todas as famílias, o que difere é a forma de lidar com elas sem nos tirar do sério.

António José Gouveia
EDITOR-EXECUTIVO
Jornal de Notícias

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