Abade de Carrazedo, concelho de Bragança, onde foi provido em 1779. Nasceu em Bragança (Santa Maria) a 11 de Abril de 1755; filho de António Peres de Sousa, capitão, natural de Nozedo, concelho de Vinhais, e de D. Francisca Doroteia de Madureira, de Bragança; neto paterno de Domingos Pires, de Aguieiras, e de D. Comba Gonçalves, de Nozedo, e materno de António Mendes Madureira e de D. Joana Maria, de Bragança.
No seu assento de óbito, sucedido a 23 de Dezembro de 1833, que se encontra nos livros de registo da freguesia de Carrazedo, vem com o nome de Manuel António de Sousa Madureira e Cirne, mas em 1823 foi vigário capitular (ver tomo IV, pág. 598, destas Memórias) e nos documentos assina Manuel António de Madureira Cirne. Era graduado em cânones e protonotário apostólico.
Supomos que é dele, ou pelo menos inspirou, a Relação Fiel, e exacta do Princípio da Revolução de Bragança e consequentemente de Portugal. Folha avulsa, que depois saiu in-4.°, onde se reivindica para Manuel Cirne a glória de ser ele o primeiro que em Bragança levantou o grito contra os franceses em 1808, como de facto assim foi.
A este propósito é sobremodo honroso para ele o seguinte documento:
«MANUEL JORGE GOMES DE SEPULVEDA, commendador da Ordem de Christo, Fidalgo da Casa Real, alcaide-mór do Castello e Villa de Trancoso, Tenente-general e effectivo dos Reaes exercitos e Governador das armas da provincia de Traz-os-Montes, etc.
Attesto em como o Reverendo Manuel Antonio de Madureira Cirne, Proto-Notario Apostolico de Sua Santidade, abbade de Carrazedo, examinador Synodal no bispado de Bragança e natural d’esta cidade, é um parocho de distinta consideração, que exercita ha trinta annos o dito ministerio, no qual tem merecido aos seus prelados a particular contemplação de ser, como tem sido, repetidas vezes nomeado visitador d’aquella diocese, por cujas circunstancias, e não menos pela sua intelligencia, honra e prestimo foi eleito como Representante do Clero e Membro da Junta Provisoria do Supremo Governo da Provincia de Trás-os-Montes, instituida debaixo da minha presidencia, pelo urgente motivo da feliz e gloriosa revolução deste reino contra o governo francez, a qual principiou e fez romper no sempre memoravel dia 11 de Junho proximo passado na dita cidade, aonde eu como general o mais antigo d’este reino e governador das armas da dita provincia, fui proclamado chefe d’esta nobre empreza, de que o sobre dito foi autor e o primeiro insurgente, dando em tudo evidentes provas da maior fidelidade e patriotismo. Passa o referido na verdade; e para que conste, etc. Quartel general do Porto 30 de Setembro de 1808».
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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