O Túnel do Marão é considerado “um marco” por utentes e empresários transmontanos, que têm nesta autoestrada a principal opção para as deslocações entre o interior e o litoral, sublinhando que a segurança compensa o custo da portagem.
Sete anos depois do início da construção, entre Vila Real e Amarante, depois de paragens na obra e o resgate do empreendimento pelo Estado, a Autoestrada do Marão – Túnel do Marão abriu a 8 de maio deste ano, permitindo a ligação à Autoestrada 4 (A4) para o Porto e para Bragança.
Ana Carvalho e o marido, Marco Pinto, criaram a empresa Douro Exclusive e vão de Vila Real ao Porto buscar clientes, maioritariamente provenientes dos Estados Unidos da América e Canadá, que depois levam à descoberta do Alto Douro Vinhateiro. Nesses dias, são quatro viagens que fazem, cerca de 500 quilómetros, e, por isso, afirmam que a abertura do Túnel do Marão veio facilitar a sua vida pessoal e a da empresa.
“Ganhámos cerca de uma hora por dia para a nossa vida pessoal. Apesar da portagem, compensa em termos de qualidade de vida, de tempo, conforto e segurança na viagem. Ganhámos nós e os nossos clientes, que se queixavam de que o Douro era distante do Porto”, afirmou Ana Carvalho à agência Lusa.
Antes do túnel, as viagens eram feitas pelo Itinerário Principal 4 (IP4), onde a empresária destacou como principal problema a “carga de trânsito”, que dificultava as deslocações.
Também Helena Ribeiro, sócia da Cosmetek, empresa vocacionada para a prestação de serviços na indústria cosmética e que está instalada no Parque de Ciência e Tecnologia de Vila Real, afirmou que o prolongamento da A4 foi “um marco” e que, por isso, até fez questão de ir à festa de inauguração.
À Lusa, contou que o túnel facilitou a sua vida e que, agora, consegue fazer viagens de trabalho a França e regressar no mesmo dia.
“Ficámos muito mais perto do aeroporto do Porto e as viagens são agora feitas com mais segurança e conforto”, frisou.
Médica a viver no Porto, Paula Marques desloca-se diariamente para o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), em Vila Real.
A viagem demora cerca de 50 minutos e custa 1,95 euros (veículos classe 1), mas a clínica não teve qualquer dúvida em optar pela nova autoestrada em detrimento do IP4.
“Porque pelo túnel é muito mais rápido e, sobretudo, muito mais seguro, não se apanha trânsito, camiões em circulação lenta e, mesmo no inverno, em termos de gelo e de neve, julgo que é muito mais seguro vir pelo túnel do que pelo IP4”, afirmou.
Até ao dia 27 de novembro, o maior túnel rodoviário da Península Ibérica (5,6 quilómetros) foi atravessado por quase 2,3 milhões de veículos e arrecadou à volta de quatro milhões de euros de receitas. Atraiu tráfego do IP4, mas também de outras autoestradas, como a A24 e a A7.
Neste período destacam-se dois dias: logo na abertura, a 08 de maio, registou-se a passagem de 17.800 veículos, mas o pico máximo ocorreu a 15 de agosto, com o total de viaturas num só dia a ascender os 19.500 veículos.
“Já não passa pela cabeça de ninguém passar pelo IP4 nesta altura”, sublinhou o presidente da Associação Empresarial de Vila Real – Nervir, Luís Tão.
O responsável considerou o túnel “como mais um fator de atratividade para Vila Real”, no entanto, disse que não chega e que são necessárias políticas concretas que ajudem a desenvolver o interior do país.
Agência Lusa
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