O Tono nasceu no mesmo ano, no mesmo mês e quase no mesmo dia q eu.
Era baixote, grosso e saía-le o traseiro.
Comia caldo ó jantar e pão quando habia.
Quando num habia nem uma coisa nem oitra, num paraba im casa, continuaba comigo.
Era meio irmão, o nobe.
Corremos, brinquemos, nademos, roubemos o q habia pra comer, joguemos o tiroliro, sconde-sconde, a bola. Com as meias de bidro q eu roubaba ás minhas irmãs faziamos bolas de panos como mais ninguém, redondinhas e duras como cornos.
O Diabo lebou-nos cada um pra seu lado. Cada um remou a puta da bida como pode. Esfossemos, fizemos filhos, cheguemos a belhos.
Um dia sbarremos um contra o oitro na mesma rua. Staba mudada. Já num tinha strumeiras, num tcheiraba a gado nem se biam pitas.
Fomos pró pé da pipa. Habia tanto pra alembrar!
Algūa bôa alma me enfiou na cama e a ele tamém.
O Tono apanhou câncaro. No traseiro.
Num tinha ponta por onde le pegar.
Deixou de contar prás contas do goberno, a reforma era piquena e as camas eram poucas.
( Filhos duma cabra!)
... mas tebe um interro igual ós oitros!
AMEN!
António Magalhães
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