Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Consegui minha avó…tinha-te prometido…não sei em que vidas!
Consegui reabrir a tua estalagem. Hoje tem outro nome, mas é a mesma, a tua estalagem. Hoje é uma casa de campo de turismo rural. Chama-se "Casa do Soto" Tu entendes minha avó, nós sempre tivemos um Soto onde vendíamos de tudo.
Reabri a casa…como quem cumpre uma promessa de honra …de sangue …de raça…tu sabes do que falo…Maria Oliveira – a Carçona…
Tenho esperado…os almocreves não têm chegado desfrutando a estrada nova…o sombreireiro também não sei por onde anda…e o pobre há muito que não se fez ao caminho à procura da esmola e da noticia para contar.
Vou acender o lume da tua estalagem... nunca se sabe quando chegam os homens do mundo à procura de pousada!
…longos são os Invernos!
Pressinto-te em cada pedra…em cada recanto…!
…põe o xaile Maria Oliveira…aperta o lenço na cabeça e vamos passar o serão e diz-me, de novo que a nossa aldeia é um sítio muito bonito e que logo à noite chegam os Triteiros e os Robertos…para que o sonho ainda seja possível!
…o tempo tarda…os nossos vizinhos estão de partida…para longas viagens!
…nós ainda resistimos!
…vamos conseguir! Minha avó…minha amada…Maria Oliveira – a Carçona!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
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N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
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