(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

- Quero ver se cais da oliveira e partes uma perna! Mas não caí, mãe… nunca parti uma perna e nunca tive a felicidade de toda a aldeia me perguntar: Então partiste uma perna?! Quem te mandou subir à oliveira?! Mas não. Só uma vez caí da parreira da tia Sara. E a culpa foi do primeiro vago de uva que pintava sempre na vide mais alta da parreira.
- Quando fiz a casa disseram os vizinhos: - Deite abaixo o diabo da oliveira que lhe assombra a casa!
Mas como podia deitar abaixo a oliveira?! E depois onde pernoitavam as memórias, onde o pintassilgo fazia o ninho, onde o porco-pisco exibia, todo vaidoso, o seu peito vermelho?!
Não, a oliveira ficou junto à janela do meu quarto e conversa comigo, demoradamente, em noites de lua cheia, ou quando o vento e a chuva me fazem companhia.
Só mais uma coisinha, talvez gostem de saber, a cegonha já regressou, o porco-pisco também. Ainda hoje veio almoçar as migalhas de pão que lhe deito no parapeito da janela.
… estão-me a tardar as andorinhas! Talvez tenham perdido a última embarcação! Mas hão de chegar, reconstruir o ninho e ornamentar de asas as longas tardes de verão da pequena aldeia no coração do nordeste.
Na verdade o paraíso existe!... feito de silêncios… de coisas simples e cumplicidades.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
Sem comentários:
Enviar um comentário