quinta-feira, 29 de junho de 2017

Amaro de Reboredo

O Sumário da Biblioteca Lusitana chama-lhe «de Rebordondo». Inocêncio F. da Silva ignorou se fora natural de Algoso ou de Viseu; porém, Brito Aranha, continuador da sua obra, diz que foi natural da vila de Algoso, concelho de Vimioso. A mesma opinião segue o Manual Bibliográfico. Era doutor e irmão de António de Roboredo, licenciado, prior de Algoso pelos anos de 1603.
Foi um dos mais notáveis gramáticos portugueses, beneficiado da igreja de Nossa Senhora da Salvação, da vila de Arruda, distrito de Lisboa, e depois da Sé de Viseu. Ignoramos as particularidades da sua vida e morte; sabe-se apenas que vivia no primeiro quartel do século XVII.

Escreveu:
Declaração do símbolo para uso das curas, pelo il.mo sr. Cardeal Belarmino... traduzido da língua italiana. Lisboa, 1614. 8.º Outra edição em 1653, também em 8.º de V-60 folhas, numeradas só de frente.
Doutrina Cristã – Lisboa, 1620. 8.º
Socorro das Almas do Purgatório, para se saberem tirar com indulgências as almas nomeadas, e aplicar-lhe bem a satisfação das obras penais e pias. Lisboa, 1627. 12.º Ibidem, 1645. 24.º Estes três pequenos opúsculos, embora não vulgares, são de pouca consideração.
Verdadeira gramática latina para se bem saber em breve tempo, escrita na língua portuguesa, com exemplos na latina. Lisboa, 1615. 8.º de IV-67 folhas numeradas só de frente. Raro. Método gramatical para todas as línguas. Consta de três partes: 1.ª, «Gramática exemplificada na portuguesa e latina»; 2.ª, «Cópia de palavras exemplificadas na latina»; 3.ª, «Frase exemplificada no latim», etc. Lisboa, 1619. 4.º de XXXII-241 págs. e mais 7 no fim sem numeração. Jerónimo Soares Barbosa, na sua Gramática Filosófica da língua portuguesa, 7.ª edição, Lisboa, 1881, faz, em diversas partes, a crítica desta obra do nosso conterrâneo, notável para o tempo, porque ainda só aparecera a Gramática de Fernão de Oliveira e a de João de Barros, e nas outras nações não as havia.
Gramática latina mais breve e fácil que as publicadas até agora, na qual precedem os exemplos às regras. Lisboa, 1625. 8.º de XXII-176 págs. Pouco vulgar.
Regras da ortografia portuguesa. Ibidem. Uma folha raríssima. Foram reimpressas em 1738.
Regras da ortografia da língua portuguesa, recompiladas por Amaro de Roboredo, expostas em forma de diálogo, novamente correctas: com a «Tabuada exactíssima» de André de Avelar, lente de matemática na Universidade de Coimbra; ampliada com algumas curiosidades pelo padre Bento da Vitória. Lisboa, 8.º de VIII-47 págs. Bento da Vitória era pseudónimo do padre Vitorino José da Costa. Barbosa diz que esta edição saíra em 1738. A obra não menciona o ano.
Raízes da língua latina, mostradas em um Tratado e Dicionário, isto é, um Compêndio de Calepino, com a composição e derivação das palavras com a ortografia, quantidade e frase delas. Lisboa, 1621. 4.º de 443 págs.
Porta de línguas ou modo muito acomodado para as entender – Publicado primeiro com a tradução espanhola, agora acrescentada à portuguesa, com números inter-lineares, pelos quais se possa entender sem mestre estas línguas. Lisboa, 1623. 4.º de XXIV-319 págs.
O grande filólogo português José Vicente Gomes de Moura diz a propósito de Roboredo: «Este distincto grammatico mostra-se nas suas obras superior ás ideias do seu tempo: reconheceu a necessidade da reunião do ensino das linguas latina e materna em um mesmo compendio, e concebeu a ideia dos principios gerais da grammatica, e da grammatica comparada, bem como a necessidade de reformar o methodo porque então se ensinava a lingua latina».
Acordo engenhoso que conduz a estabelecer paz entre os Alvaristas, Sanchistas, e todos os gramáticos de bom juízo. Lisboa, 1752. Vimos anunciada esta obra com o nome de Amaro de Roboredo.
Em 1625 traduziu ele do francês para latim a obra Janua linguarum.
Recompilação da gramática portuguesa, e latina, pela qual com 1141 sentenças insertas na arte se podem entender ambas as línguas. Ao Senhor D. Duarte de Castelbranco Coutinho, primogénito do Sr. D. Francisco de Castelbranco, Conde de Sabugal,Meirinho-mor nestes Reinos, e Senhorios de Portugal. Lisboa, 1619. Fólio de 2 folhas inumeradas.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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