Nasceu em Bragança a 7 de Setembro de 1830 e na mesma cidade faleceu à meia-noite de 4 de Abril de 1904; filho de António Manuel Pires e de D. Angelina Raimundo.
Concluídos os estudos preparatórios, matriculou-se na faculdade de matemática da Universidade de Coimbra, que interrompeu ao segundo ano pela falta de recursos, causada pela morte de seu pai; fez então concurso para as cadeiras de matemática e filosofia liceais e nelas foi provido temporariamente, em 1856, no de Bragança, onde também regeu retórica, história e geografia e muitas vezes serviu de reitor, regendo também a cadeira de filosofia no seminário diocesano.
Por decreto de 14 de Julho de 1868 foi nomeado professor proprietário das cadeiras de filosofia racional e moral e princípios de direito natural e de oratória poética e literatura clássica, em curso bienal do Liceu Nacional de Bragança.
Foi vereador municipal, presidente da câmara, vogal da Junta Geral do Distrito de Bragança, presidente da comissão executiva da mesma e, como deputado, vogal de diversas comissões de legislação.
Diversos traços da sua personalidade assinalam a sua passagem por estes cargos: como vereador e presidente da câmara elaborou um «Código de Posturas Municipais», que vigorou até 1892; e como vogal da junta geral e presidente da sua comissão executiva fundou o posto hípico, o gabinete de física e a biblioteca do liceu, assim chamada por estar depositada neste estabelecimento e não porque lhe pertença exclusivamente. Eleito deputado na legislatura de 1879, foi relator do projecto sobre a reforma de instrução primária discutido nessa sessão.
Voltou ainda ao parlamento nas legislaturas de 1887 e 1889, e nesta pronunciou um vigoroso discurso na sessão de 12 de Junho.
Colaborou em vários jornais, como: Nação, País, Progresso, Correio da Noite, Primeiro de Janeiro, Norte Trasmontano e Nordeste.
Os seus escritos eram notáveis pelo classicismo e elegância da frase, profundeza de ideias e veemência de raciocínio, predicados que conservava nos discursos; polemista de grande força, jogando com mão de mestre a ironia e o sarcasmo a poucos era dado resistir-lhe.
Ainda como membro da junta geral, deve-lhe o distrito a fundação do Asilo Duque de Bragança e a reforma do serviço dos expostos, da iniciativa de Tomás Ribeiro, então governador civil de Bragança, reforma que trouxe ao cofre da mesma corporação uma economia de doze contos de réis anuais e reduziu ao mínimo a mortalidade destes infelizes, que antes oscilava entre 50 e 60% dos nascimentos.
O código a que atrás nos referimos tem por título: Código de Posturas Municipais para a cidade de Bragança e seu concelho. Porto, Tip. do «Brás Tisana», largo da Sé nº 2, 1864. 8.º de 52 págs.
Parece que também pertence a Pires Vilar o seguinte: O governador civil de Bragança e os colegas do colega director da Assembleia Brigantina. Porto, Tip. do Jornal do Porto, 1875. 8.º de 55 págs.
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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