segunda-feira, 27 de novembro de 2017

CONSIDERAÇÕES SOBRE CACHORROS

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Passou, há muitos anos, nas salas de cinema, filme, intitulado: “ O Mundo Cão”, onde se desenrolavam atos asquerosos e cruéis.
O realizador deveria ter chamado à “ fita”: “ O Mundo Homem”, porque só este e nunca o cachorro, executaria tais cenas.
Dizia Pitágoras, que os animais tinham alma. Que me desculpe o matemático de discordar. Não tem alma, mas sentimentos: choram, amam, sofrem e são leais – se forem mentalmente sadios, – ao dono e a todos, que, com eles, convivem diariamente.
Embora haja dúvidas, se o cão sente remorsos, certo é, que têm arrependimento: ora, humilhando-se, aproximando-se, de cabeça baixa e cauda caída.
Tive cachorro rafeiro, a pedido de minha filha, quando era pequena. Certa vez ralhei-lhe, seriamente, por ter roubado pedaço de queijo. Tentou morder-me.
Ao ver-me irritado, fugiu. Momentos depois, aproximou-se, submisso, parecendo ter remorsos pela atitude repentina
A amizade que nutrem por aqueles que, com eles vivem, é enternecedor.
Ao saírem, em passeio, com a família ou amigos dos donos, olham frequentemente para trás, para se certificarem se alguém se perdeu. É instinto de matilha – bem sei, – mas comove a dedicação.
Têm, em regra, a tendência de quererem dormir na cama, junto aos donos. O desejo reflete o afeto por aqueles que consideram ser seus protetores.
É o amor filial, que existe na criança, que ao acordar, pede para se deitar na cama da mãe.
O cão (mesmo adulto) não passa – como alguns humanos, – de criança. Sente especial prazer, estar junto ao corpo do dono, como a criança procura o da mãe.
É animal que gosta de conviver e dormir em companhia. Se é escorraçado da matilha, sente-se triste e desamparado.
Para ele, os humanos com quem vive, é a “ matilha”. Compete-lhe proteger e ajudar a defende-la, como se vivesse na vida selvagem.
Quando é abandonado, sofre imenso já que o sentimento de gratidão está muito desenvolvido.
Não existem cachorros maus. O lobo, domesticado, em bebé, torna-se dócil, tal qual, como cão meigo; o que há, é caninos mal-educados.
Os cães – como fazem as crianças, aos progenitores, – tendem a copiar virtudes e defeitos dos donos. Se estes são agressivos, por certo, o cachorro é briguento.
Para concluir: quem não pode, por motivo económico, de espaço ou porque quer gozar plena liberdade, melhor é não ter a companhia de animal.
Mas, se adquiriu um, deve cuidar com respeito e muito amor.
Os animais não são filhos de Deus, mas criaturas criadas por Ele. Compete, a nós, cuidar do mesmo jeito, como sentimos a obrigação de proteger o nosso semelhante.

Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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