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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

É MUITO TRISTE SER IDOSO…

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


1º Sargento Mário na sua banca de trabalho no BC3
Quando vivi em Bragança, frequentava cafetaria, que ficava na Praça da Sé, mesmo no centro da cidade.
Após o jantar, vinha tomar cafezinho, e permanecia até às vinte e três horas, a ver televisão, ou a conversar com habituais fregueses do estabelecimento.
Por vezes ficava a cavaquear com o Primeiro-Sargento Mário – homem natural de Vinhais, – que primava pela bondade e vivia em modesta pensão.
Nessas amenas conversas, em que quase todos os temas eram abordados, muitas vezes ouvia-o dizer: “ Ninguém devia ganhar menos que a mensalidade de pensão de terceira.”
E eu logo acrescentava, conhecendo as miseráveis pensões, que se recebia: - “Que nenhum reformado devia auferir menos, que a mensalidade de lar modesto.”
Lembrei-me dessas agradáveis conversas, ao ouvir amiga minha, senhora idosa, que ficando viúva, resolveu recolher-se a lar.
Como estes, para além da mensalidade, exigem “jóia”, a senhora vendeu o apartamento, onde vivia, para pagar a entrada.
Decorrido escassos meses, verificou que fora enganada: o tratamento prestado era inferior ao prometido, e a delicadeza do pessoal, não era recomendável.
Aflita, depois de muito matutar, resolveu abandonar a casa de repouso; e com a magra pensão, que deixara o marido, alugou casa.
É o drama da maioria dos idosos que vivem em Portugal, já que as reformas que usufruem, mal paga a estadia de lar modestíssimo.
O drama agudizou-se, nos últimos anos, ao se saber que reformados, de países europeus, com melhores aposentações, procuram passar o fim de vida em Portugal, onde podem levar vida quase principesca, em lares de luxo.
Estando a conversar num clube portuense, sobre a triste situação de alguns idosos, num grupo de amigos, levantou-se uma voz, para dizer que a Igreja poderia ajudar, ganhando. Como?
-” Bem fácil. - Continuou. - Há conventos que se encontram quase vazios. Se os transformassem em lares, recebendo parte das reformas dos utentes, ganhariam por certo, e estavam a ser úteis à sociedade.”
A ideia foi aplaudida, tanto mais, que acrescentou:
-” Cabe ao Estado, a obrigação, de cobrir a mensalidade daqueles cujas pensões sejam diminutas. Ser português e ter vivido em Portugal, devia servir para alguma coisa! …”
Claro que referia-se a residências, onde o idoso não se sentisse prisioneiro: obrigado a dormir com desconhecidos, e onde se passa o dia, diante de aparelho de TV, com manta nas pernas, e as noites, tomando sedativos, para não incomodar…


Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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