O “sim” à mudança da data da tradicional feira anual das Cantarinhas de Bragança está a ganhar, numa sondagem lançada pela câmara municipal e em inquéritos feitos a comerciantes e feirantes pela associação comercial, segundo estas entidades.
A sondagem foi lançada no início de janeiro, e prolonga-se por um mês, com a pergunta “acha que a Feira das Cantarinhas, em vez de se realizar nos dias 01, 02 e 03 de maio, passe a realizar-se sempre no primeiro fim de semana de maio (sexta, sábado e domingo)?”.
“Sim” ou “não” são as hipóteses de resposta na página oficial da câmara municipal, sem possibilidade de ver o número de participantes e percentagens, mas o presidente, Hernâni Dias, garantiu à Lusa que “está a ganhar o ‘sim’ largamente.
A mesma tendência “para um redondo ‘sim’ é o que a presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança (ACISB), Maria João Rodrigues, disse à Lusa ser o resultado da auscultação feita por esta entidade “porta a porta” aos comerciantes da cidade e aos feirantes, embora ainda não tenha “os resultados finais”.
A secular Feira das Cantarinhas, também conhecida pela “Feira do 03 de maio”, decorre anualmente entre 01 e 03 de maio e é o mais antigo certame de Bragança, motivo de atração à cidade pelas típicas cântaras de barro e para os agricultores comprarem o renovo para semearem as novas colheitas.
A sondagem, justifica o presidente da câmara, servirá para dar “uma orientação daquilo que é a vontade dos cidadãos”.
“A partir daí, nós próprios avaliaremos os resultados, pesaremos os prós e os contras da decisão e faremos aquilo que entendermos melhor para aquilo que são os objetivos desta feira”, referiu o autarca.
A presidente da associação comercial, Maria João Rodrigues, explicou à Lusa que esta ideia começou em 2016, quando a representante do comércio e responsável pela organização das Cantarinhas, junto com a câmara municipal, decidiu distribuir um questionário pelos comerciantes e feirantes envolvidos diretamente na feira.
A questão era a mesma e, nessa ocasião, a resposta foi “redondamente ‘não’ à mudança”, num ano em que a feira calhou durante a semana (domingo, segunda e terça).
No ano seguinte, segundo a presidente, “havia um descontentamento pela feira que foi ao dia de semana (segunda, terça e quarta), pela baixa afluência de visitantes, e foram os feirantes a falar com a associação sobre mudar a data da feira”, que chama cerca de 400 feirantes e mais de 80 artesãos a Bragança.
Apesar de o 1.º de Maio ser feriado e sinónimo de enchente, incluindo dos vizinhos espanhóis, os envolvidos acreditam que se for ao fim de semana, a afluência será maior nos três dias.
Maria João Rodrigues aponta mesmo o caso das pessoas da região que vivem fora e podem aproveitar para passar o fim de semana “em casa” e visitar a feira.
Outro dos prós que a presidente da associação aponta ao fim de semana é o menor transtorno no trânsito, já que a feira é instalada pelas ruas da cidade e obriga a condicionalismos.
A decisão, como realçou, caberá a câmara e a associação acatará o que os seus associados decidirem.
A presidente nota ainda que se as Cantarinhas passarem para o fim de semana será possível articular com outra vontade dos expositores da feira de artesanato, que ambicionam fazer coincidir os eventos com o Dia da Mãe, no primeiro domingo de maio.
Apurar o número de visitantes é impossível, como disse, e a perceção que as entidades têm da afluência resulta do que é transmitido pelos vendedores: “vê-se menos gente, este ano houve pouquinha gente, não faturamos nada, no dia 01 quase esgotamos a mercadoria, dia 02 e 03 muito menos”.
O presidente da Associação de Feiras e Mercados da Região Norte, Fernando Sá, disse à Lusa estar a acompanhar o processo e já partilhou a informação com os associados.
O dirigente é da opinião que este tipo de feiras tradicionais “devem-se manter nas datas predefinidas”, mas acredita que esta não será a tendência dos feirantes.
Agência Lusa
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