O presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães reclamou hoje a ligação dos vales do Douro e do Tua, pedindo ao Governo que não esqueça um projeto antigo da construção de um cais comercial nesta zona de Trás-os-Montes.
João Gonçalves entende que agora "mais do que nunca" esta ambição "já vertida em pretensão do próprio Governo" faz sentido, com as novas ofertas turísticas e de mobilidade que começam a surgir no lado do rio Tua, como o Centro Interpretativo inaugurado hoje, em Foz Tua, no concelho de Carrazeda de Ansiães.
O autarca social-democrata vincou, na inauguração, a necessidade de melhorar as acessibilidades fluviais nesta zona e lembrou que "fazia parte de uma candidatura comunitária a possibilidade de, além de haver uma dragagem do leito do rio Douro, instalar um cais comercial em Foz Tua", que não foi contemplado com financiamento, mas que espera "não esteja esquecida essa possibilidade" por parte do Governo.
"Foz Tua pode criar esse interface, quer turístico quer comercial, de ligação entre dois vales, um já reconhecido a nível mundial (Douro), e outro que desponta agora o interesse dele (Tua), que eu acho que tem muitas potencialidades para explorar também", afirmou à Lusa.
João Gonçalves defende que "seria realmente muito interessante para estes territórios e para o país essa possibilidade" e "para os operadores turísticos seria uma hipótese a exploração e que não se vê em muitos lados do mundo".
O autarca prometeu empenhar-se em "tentar sensibilizar o Governo para que esse projeto não fique esquecido e que possa continuar a ser considerado nas candidaturas aos fundos comunitários".
Na zona Foz Tua juntam-se três distritos, os de Bragança, Vila Real e Viseu, e os rios Tua e Douro.
É ali que se encontra a estação de comboios onde se cruzam as linhas do Douro, que liga o Pocinho ao Porto, e a desativada linha do Tua, que chegou a fazer a ligação a Bragança.
Nesta zona passam também os barcos que fazem passeios turísticos no Douro, desde o Porto a Barca D`Alva, e será ali que se iniciará o novo plano turístico do Tua, que oferece viagens de barco na nova albufeira até à Brunheda e de comboio até Mirandela.
Esta oferta faz parte do plano de mobilidade turística e quotidiana que é a principal contrapartida pela construção da barragem de Foz Tua, mas, embora pronto para arrancar, encontra-se num impasse à espera de saber quem vai responsabilizar-se pela manutenção dos cerca de 30 quilómetros da centenária linha do Tua que restam e vão ser reativados para este fim.
O presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães considera este plano "essencial para que esse desenvolvimento local neste vale seja uma realidade", mas falta "essa locomotiva" que é a questão burocrática para que o projeto avance.
"Era muito importante que se resolvesse esse impasse, um sinal muito forte quer para investidores quer para as comunidades locais", considerou, sublinhando que tem a perceção de que "junto de agentes económicos, há uma atenção muito especial sobre este território, no sentido de eventualmente ali investirem em projetos muito interessantes".
A Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua é a responsável pelo plano e por todos os projetos de desenvolvimento e o presidente Fernando Barros reafirmou hoje estar convencido de que "muito brevemente" vai anunciar "a grande decisão".
A agência está disponível para assumir a gestão da ferrovia, que pertence à Infraestruturas de Portugal (IP), se o Estado assumir o custo durante os 25 anos da concessão do plano.
Para já, estão reunidas as autorizações necessárias para dar início aos ensaios do novo material circulante, apontado agora para segunda-feira, depois de anunciados para dia 19 de fevereiro.
O plano envolve entidades públicas e privadas e foi subconcessionado ao operador turístico Mário Ferreira, o empresário dos passeios de barco no Douro.
A EDP assegurou todo o investimento, nomeadamente 10 milhões de euros entregues ao operador para aquisição de equipamento e reparação da linha já realizados.
Agência Lusa
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